Saúde
Novos avanços na luta contra o câncer (parte II)
por Viviane Becker
Na edição anterior, o cirurgião oncológico Dr. Francisco Paixão compartilhou o que a ciência tem descoberto para o combate ao câncer. Hoje, daremos sequência à publicação das informações sobre esses avanços médicos e a tecnologia que está contribuindo e acelerando a batalha contra a doença.
Pistas no DNA do câncer
Nos Hospitais Universitários de Cambridge, na Inglaterra, o DNA de tumores de 12.000 pacientes está revelando novas pistas sobre as causas do câncer. Ao analisar dados genômicos, os oncologistas estão identificando diferentes mutações que contribuíram para o câncer de cada pessoa. Foram descobertas mais de 58 novas assinaturas mutacionais, ampliando o conhecimento sobre câncer.
Biopsias líquidas e sintéticas
As biópsias são a principal maneira pela qual os médicos diagnosticam o câncer - mas o processo é invasivo e envolve a remoção de tecido do corpo, às vezes cirurgicamente, para que possa ser examinado em laboratório. As biópsias líquidas são uma solução mais fácil e menos invasiva, onde amostras de sangue podem ser testadas quanto a sinais de câncer. As biópsias sintéticas são outra inovação que pode forçar as células cancerígenas a se revelarem durante os estágios iniciais da doença.
Terapia com células CAR-T
Um tratamento que faz com que as células imunes identifiquem e matem células cancerígenas foi recentemente declarado um sucesso para pacientes com leucemia. O tratamento, chamado de terapia com células CAR-T, envolve a remoção e alteração genética de células imunes, chamadas células T, de pacientes com câncer. As células alteradas então produzem proteínas chamadas receptores de antígeno quimérico (CARs). Estes reconhecem e podem destruir células cancerígenas. Na revista Nature, cientistas da Universidade da Pensilvânia anunciaram que duas das primeiras pessoas tratadas com terapia com células CAR-T ainda estavam em remissão 12 anos depois.
Combate ao câncer de pâncreas
O câncer de pâncreas é um dos cânceres mais mortais. Raramente é diagnosticado no início e tem uma taxa de sobrevivência inferior a 5% ao longo de cinco anos. Na Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, os cientistas desenvolveram um teste que identificou 95% dos cânceres pancreáticos precoces em um estudo. A pesquisa, publicada na Nature Communications Medicine, explica como os biomarcadores nas vesículas extracelulares - partículas que regulam a comunicação entre as células - foram usados para detectar câncer de pâncreas, ovário e bexiga nos estágios I e II.
Um comprimido para reduzir o risco de câncer de mama
Um medicamento que poderia reduzir pela metade a chance de as mulheres desenvolverem câncer de mama está sendo testado pelo Serviço Nacional de Saúde (NHS) da Inglaterra. Será disponibilizado para quase 300.000 mulheres vistas como tendo maior risco de desenvolver câncer de mama, que é o tipo mais comum de câncer no Reino Unido. A droga, chamada anastrozol, reduz o nível de estrogênio que as mulheres produzem bloqueando a enzima aromatase. Já foi usado por muitos anos como tratamento para o câncer de mama, mas agora foi reaproveitado como medicamento preventivo. "Este é o primeiro medicamento a ser reaproveitado por meio de um novo programa líder mundial para nos ajudar a perceber todo o potencial dos medicamentos existentes em novos usos para salvar e melhorar mais vidas no NHS", diz a diretora executiva do NHS, Amanda Pritchard.