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Bagé e a Terra de Ninguém

No princípio era o nada. Estimam que o homem chegou ao atual Rio Grande cerca de doze mil anos atrás mediante caçadores e coletores vindos do norte pelo Estreito de Behring.

Em 24/04/2024 às 16:45h, por José Carlos Teixeira Giorgis

 

Já houve uma época glacial até a Patagônia, e também neve. Com o avançar dos séculos e derretimento do gelo surgiram as savanas, com sua vegetação típica. Acharam-se lascas de pedras, pontas de flechas. No litoral, sambaquis.

Terra depois habitada por índios Guaranís, provavelmente vindos do Amazonas, que domesticaram animais, ocupando o planalto. Outros foram o Gês no planalto médio; e no pampa, charruas e minuanos. O Tratado de Tordesilhas reduzia o domínio português até Laguna. Enquanto isso, a Espanha avançava nas áreas que entendia como suas, principalmente pela ação dos jesuítas, que vinculados ao Paraguai, criavam as reduções de que redundaram, entre outras, as Missões dos Sete Povos, ao norte, que viriam a deixar um legado enorme de primitiva civilização e cultura.

Como as incursões de Martim Afonso de Souza e seu irmão, depois do descobrimento,  se reduziam ao litoral, criou-se entre o oceano para dentro vasta área, um vazio, ocupada por indigenas, eventualmente atravessada por bandeirantes e outros aventureiros, em busca de ouro, gado e cavalos, conhecida como “terra de ninguém”, pelo abandono a que fora relegada. Território riquíssimo, mas pouco habitado, sem que espanhóis lhe dessem maior atenção, restando aos lusitanos, gradualmente, o desenvolvimento de maior cobiça. Vindo e indo os dois povos, alternadamente.

A fração portuguesa fora denominada Capitania Del Rey (Século XVI), mas uma bula papal criaria o bispado do Rio de Janeiro, estendendo os limites, desde o Espírito Santo até o Rio da Prata. Organiza-se a primeira expedição do então governador Manuel Lobo, que fracasa ao avançar, mas tem êxito, após, em atingir as proximidades de Buenos Aires em nova investida (1680), ali criando a histórica Colônia do Santísimo Sacramento. Seguem-se, durante anos, vários conflitos entre espanhóis e protugueses que se substituem no domínio da cidadela, tanto que desde seu início houve oposição do governador Vera Mugica, de Buenos Aires, até, anos depois, ocorrer a troca deste importante enclave – por sua importância aduaneira -, eis que por ali circulavam as riquezas que eram exportadas para o Peru e Europa.

Tem-se, então, em 1680 e 1684, a fundação de dois núcleos extremos, onde transcorrerá grande parte da história gaúcha, inclusive a formação do Estado do Rio Grande do Sul: a Colonia do Sacramento, a primeira a joia lusitana que mostrava ao mundo seu propósito de levar seu domínio até a foz do Rio da Prata, e que terá, muito adiante, até interesse inglês; e Laguna, um posto intermediário, de amparo e reforço, onde começava o imenso deserto sulino. Nestes dois centros, entre outros, viveu e teve enorme importância nos fastos regionais o tropeiro Cristóvão de Abreu Pereira, português de Ponte de Lima, um dos que abriu o comércio de cavalos e muares até Sorocaba, e daí às Minas Gerais para o transporte de ouro. Desta incipiente indústria pastoril vão surgindo ao sul do Mampituba as estâncias, entre o Guaíba e a Barra da Lagoa dos Patos (equivocadamente, então, conhecida como Rio Grande), as primeiras propriedades, as primeiras famílias e, assim, os primeiros rio-grandenses, a habitar o Continente do Rio Grande de São Pedro.

Mas entre Laguna e a Colônia do Sacramento era imprescindível a existência de outros pontos de apoio, motivo porque, por determinação real, depois de resguardar a Colônia do Sacramento dos espanhóis, retorna José da Silva Paes e na praia do Sul da Barra, funda o Presídio (Forte) de José, Maria e José, ali se estabelecendo com uma tropa de duzentas pessoas, surgindo uma Comandância, futura cidade do Rio Grande (19 de fevereiro de 1737). Será um marco estratégico, logo uma estância de gado, onde sete anos depois chegam os casais de açorianos, vindos do Reino para ocupar as terras portruguesas, muitos dos quais, mais tarde, mudam-se para perto de Viamão, onde fundarão o Porto dos Casais, hoje Porto Alegre.

Em 13 de janeiro de 1750 é editado o Tratado de Madrid, redesenhando os interesses de portugueses e hispânicos. Nova linha é traçada, e quando ambos governos decidem fazer a demarcação das terras, os Sete Povos ficam para o lado português e Sacramento para os espanhóis. Insatisfeitos, começa a insurreição denominada Guerra Guaranítica (1753-1756), quando os índígenas liderados por Languiru e Sepé, sob a proteção dos jesuitas, oferecem brava resistência às tropas portuguesas e espanholas, vindo a ser batidos em Caiboaté, hoje São Gabriel.

É certo que algum dos combate deu-se, antes, em Santa Tecla, então pertencente à estância jesuítica de São Miguel, estando presente Sepé na liderança indígena. Mais tarde as linhas divisórias seria alteradas pelo Tratado El Pardo e depois atingidas as Missões pelo Tratado de Badajoz.

Em 1774, por determinação da Espanha e administração de Buenos Aires, seguiu para a Coxilha Grande o governador Juan José Vertiz y Salcedo para edificar, no posto avançado e estratégico da estância de São Miguel das Missões um pequeno forte, que leva o patrocínio de Santa Tecla, construido pelo engenheiro Bernardo Lecocq.

No local se situara uma redução dos jesuitas, chamada “Santo André dos Guenoas”. Destinava-se o prédio para o controle a passagem de tropas militares que cruzassem a região, mas também, afirmam outros, para fiscalizar o contrabando, que grassava sempre por tais plagas. Em 1776 o pequeno forte seria arrasado pelas tropas comandadas pelo sargento-mór Rafael Pinto Bandeira, depois da rendição de Dom Ramires. Reconstruído em 1787 pelos espanhóis, seria novamente derrubado pelos portugueses sob a chefia de Patrício Correa da Câmara em 1801, restando ali, ainda hoje, vestígios de suas fundações. Até então  a futura Bagé seria área de posse espanhola.

A partir desta época a Coroa Portuguesa adota a política de distribuir sesmarias, concentrando aqui pequena população para fixar  e solidificar seu domínio. Como mais uma forma de preservação, em 9 de outubro de 1809, toma posse na Capitania Geral de São Pedro Dom Diogo de Souza, eis que além fronteiras preocupavam alguns movimentos revolucionários oriundos de Buenos Aires que afetavam Montevidéu.

Em 1811, Artigas lidera rebelião ,pretendendo unificar o Prata. O governo de Montevidéu, então, pede  auxílio a Dom João VI que, sob instigação de sua esposa Carlota Joaquina de Bourbon, almejava intenções de unificar o Brasil, a Banda Oriental, Portugal e Algarves sob uma única bandeira, o que vai conseguir, muito depois com a criação da Província Cisplatina. É enviado então um Exército Pacificador da Banda Oriental, comandado por Dom Diogo de Souza, que em 17 de julho de 1811, faz guarida no sopé dos “Cerros de Bayé”, compondo-se de 3 mil homens, grupo integrado por militares vindos de Portugal, parte dos Dragões de Rio Pardo e pelo Regimento de Cavalaria Ligeira Rio-Grandense.

Antes de seguir para Cerro Largo, Dom Diogo designa Pedro Fagundes de Oliveira, da Guarda de São Sebastião ligada a Rio Pardo, para administrar o Acampamento de Bagé. Pedro, posteriormente, transfere de seu domicílio anterior, uma estátua de São Sebastião, que entroniza numa modesta capela que constrói.

Quando Dom Diogo segue para o futuro Uruguai, acompanhado de sua tropa, dez mil cavalos e dois mil bois, aqui deixa militares doentes, comerciantes, cirurgiões, que juntos à pequena gente das sesmarias, irão estruturar o núcleo da povoação emergente. Dom Diogo estaciona em Aceguá, chega à Fortaleza de Santa Tereza. Retornará, cumprida sua missão pacificadora.

Depois disso, por 211 anos, Bagé crescerá em graça e progresso.
 

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