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Sapiran Brito

  • Ator, ex-professor e sindicalista. Foi vice-prefeito de Bagé, entre 1993 e 1996.

A Padaria Continental

Em 15/10/2024 às 14:30h, por Sapiran Brito

Há mais de 100 anos, a inauguração da Continental foi um acontecimento na cidade. Instalações e equipamentos de alta qualidade e modernos, equipe de funcionários muito qualificados e excelente localização, mas com todas essas condições favoráveis, o negócio não engrenava, até que os proprietários concluíram: falta-nos um mestre padeiro. Foram buscar em Porto Alegre o Nicanor, que era aqui nascido, mas lá residia, diante de uma proposta irrecusável que lhe garantia excelente salário mais casa para morar, veio para cá e com ele veio também a Ritinha, menina mais moça que ele e que tinham acabado de amancebar. O Nicanor não queria mais nada da vida: um bom emprego, a mulher que ele amava muito e a
tranquilidade de uma cidade do interior.

E o mestre padeiro foi criando e pondo em prática as receitas. Eram ele, dois forneiros mais dois ajudantes na quadra, lá no balcão 6 funcionárias muito amáveis e delicadas e um caixa. Ai
então a padaria Continental deslanchou e começaram a ser ofertados nas prateleiras produtos que até hoje são fabricados na Padaria. O pão d’água de bico de meio e quarto quilo que agora deram de chamar de pão francês, os pães sovados, o pão italiano, as bolachinhas salgadas, o dentinho de moça amanteigado e as divinas prantilhas.

Mais de 6 padeiros com as suas carroças de manhã estacionavam para fazer o reparte de pão nas vilas da cidade. Tudo corria às mil maravilhas, na quadra todos trabalhavam muito felizes fazendo um desjejum que até hoje ainda é tradição da Continental. Para aproveitar o calor do fogo à lenha, assavam sempre uma peça de carne especialmente de caça trazidas por algum cliente satisfeito. Era uma pzaletinha de capincho, uma mulita assada, uma lebre carneada, e quando não tinha caça, um franguinho de leite, um quartinho de leitão, enfim, aquele forno conheceu todas as carnes de caça e outras mais. E os trabalhadores a partir das 06h da manhã comiam frugalmente com os pães quentinhos, por isso que hoje você chega lá e encontra os garotões bem nutridos.

A Padaria Continental mantém sua tradição também em outras áreas, não aceita cheque, cartão de crédito e outras formas de pagamento. Somente dinheiro, papel moeda. O pão, envolto em sacos de papel especial, que traz sempre uma mensagenzinha de autoajuda para as pessoas começarem o dia. Fiado nem pensar. Mas como eu dizia antes, lá atrás, tudo corria bem com o Nicanor até que uma pulga começou a coçar atrás da sua orelha. Ele observou que a sua Ritinha andava diferente, um pouco aérea, sem dar atenção a ele, mas sempre muito bem vestida e enfeitada. O homem ficou cabreiro, algo ai, e assaltado pela dúvida um sentimento de desconfiança foi se criando. Certa noite, lá pelas 3h, depois de dar início a preparação da massa, resolveu dar uma incerta na Ritinha, entrou de surpresa em casa e lá estava ela nua, deitada com o Bento, sobrinho dele, soldado da Brigada Militar. Nicanor, que já vinha premeditando, sacou do revolver e no meio do rebuliço gritou: ‘’silêncio porque hoje eu mato os dois”. Mas rapidamente baixou-lhe uma luz e mais rápido que a velocidade desta refletiu: - “se eu mato ele, vou parar no fundo de uma cadeia pelo resto da vida, se eu mato ela, perco para sempre o meu grande amor”. Enfiou o revólver na cintura e saiu porta a fora, em desabalada carreira. Quando chegou na padaria foi aquele alvoroço entre seus auxiliares, a massa tinha abatumado, 3 sacos de farinha perdidos, mais a vergonha que soaria como incompetência. Já que tinha acontecido o desastre, nada poderia ser feito. Naquele dia, a padaria Continental não abriu. Lá pelas 6h da manhã Nicanor saiu pela porta dos fundos envergonhado e derrotado, sentou-se em uma praça e ficou esperando que abrisse a loja veterinária. Lá pelas 8h30, quando abriu a loja, comprou um frasco de estricnina e na cruzada
passou no bar e comprou um Guaraná Champagne Antártica que ele tanto apreciava com as prantilhas. Misturou e bebeu tudo de uma vez só e deitou-se na relva, enquanto o sol forte começava a derreter a geada, e ali Nicanor dormiu para sempre, mas antes fez um pedido que, em troca de seu sacrifício, na Continental o pão nunca mais abatumasse, e que fosse  mantida a qualidade de todos os demais produtos.

Foi assim que a coisa se deu, por isso até hoje a alma dele vaga pela quadra, orientando os padeiros e os aprendizes de padeiros que foram se as sucedendo. Daí revelado o segredo da qualidade dos produtos da padaria Continental que há mais de 100 anos se mantêm sempre os mesmos.

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