Editorial
Ainda longe do ideal
O Brasil ocupa uma posição desconfortável no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa 2017. Os dados divulgados pela organização Repórteres sem Fronteiras revelam que o País evoluiu apenas uma posição em relação ao levantamento anterior, figurando, agora, na 103ª colocação em um universo de 180 nações. A situação brasileira é qualificada como sensível. Esta classificação, aliás, integra uma lista de cinco indicadores, que também identifica condições boas, relativamente boas, difíceis e graves. O que vivemos é uma estagnação, em âmbito local, e uma escalada negativa, em nível global.
Durante a apresentação dos dados, o representante da organização não governamental (ONG) no Brasil, Artur Romeu, explicou que o levantamento é centrado na segurança dos profissionais e que, desde 2013, o número de agressões a jornalistas em manifestações tem aumentado no País, representando mais de 300 casos em três anos. A conjuntura contribui para este resultado negativo. Existe o entendimento de que, no atual contexto de crise e polarização política, a nação continua enfrentando antigos problemas relacionados à liberdade de imprensa. A lista de desafios a serem superados inclui a violência, pressões institucionais, processos abusivos, falta de transparência pública e alta concentração dos meios de comunicação.
Em cinco anos, ao invés de evoluir, o Brasil regrediu, passando a ser o segundo País que mais mata jornalistas na América Latina, atrás apenas do México. Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca e Países Baixos dividem as primeiras posições em liberdade de imprensa no mundo. Coreia do Norte, Eritreia, Turcomenistão, Síria e China são os destaques negativos. A organização Repórteres sem Fronteiras destaca, porém, que o ano de 2016 foi marcado pela 'banalização dos ataques contra as mídias e o triunfo de políticos autoritários que fazem com que o mundo caia na era da pós-verdade'. Os denominados discursos antimídia, disseminados na América do Norte e na Europa, também contribuem para a depreciação.