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Eleições 2020 / Eleições Bagé 2020

Bajeense Pietra Simon foi a primeira mulher trans e surda a concorrer a cargo majoritário no Brasil

A jovem bajeense Pietra Simon Avila Jardim, que é trans e surda, veio a público marcar presença na política e fazer história. Aos 22 anos, aumentou duas estatísticas históricas no país, no pleito de 2020, ao concorrer como candidata a vice-prefeita de Bagé, pelo PSOL

Em 16/11/2020 às 08:13h
Viviane Becker

por Viviane Becker

Bajeense Pietra Simon foi a primeira mulher trans e surda a concorrer a cargo majoritário no Brasil | Eleições 2020 | Eleições Bagé 2020 | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Rompendo barreiras e fazendo história/ Arquivo Pessoal


Segundo levantamento da Aliança Nacional LGBTI+, esta eleição trouxe à vereança cerca 259 candidaturas LGBTI+ ou aliadas, mais 22 ao cargo de prefeito e sete a vice.
A estudante de Letras e ativista dos movimentos Feminista, LGBTQIA+ e da comunidade Surda, Pietra Jardim, também aparece como uma das 66 opções de candidatos e candidatas com diferentes graus de surdez que disputam cargos, este ano, em 61 cidades de diferentes regiões do país, considerado um recorde histórico.

JM - És a primeira e única candidata transgênero e surda concorrendo à vice-prefeita neste país? Como te sente afinal essa candidatura marcará a histórica política de Bagé?  

Pietra - Me sinto muito realizada porque sempre fui fortemente representativa nas lutas pelos direitos dos LGBTQIAs e da Comunidade Surda. Ser a primeira candidata trans ao majoritário é um misto de alegria e de tristeza. Eu me sinto muito feliz, porque é uma vitória do movimento de travestis e transexuais, mas, ao mesmo tempo, me sinto muito triste porque o nosso país lidera assassinatos a transexuais e travestis. Sou, hoje, a primeira trans a se candidatar como vice-prefeita em Bagé e no Brasil. Sei que estamos em um momento da história em que é necessário educar a sociedade, educar o olhar das pessoas para o bem e para a liberdade, porque as pessoas precisam começar a conviver com os trans, estamos aqui e existimos. Uma vez que se convive com essas pessoas no âmbito do trabalho, da escola e da sociedade no geral, as pessoas vão desmitificando quem nós somos.

JM - Nestas eleições, as campanhas de pessoas trans estão presentes nos mais diversos partidos, desde os mais à direita, como o PSL, Republicanos e Patriotas, até os mais a esquerda como PT, PC do B e Psol. Como te sentes representando o teu partido?

Acho necessário as pessoas transexuais e as pessoas surdas estarem ocupando os espaços políticos, porque temos capacidade. Um fato determinante é que a população trans vem entendendo que não adianta participar da política passivamente, temos que ser ativos, pois não somos só pessoas que tem aparecido nas eleições. Somos cidadãs e cidadãos brasileiros, exercendo direito civis que sempre nos foram negados. Somos ativistas, atuantes nas nossas localidades, no movimento social. Me sinto muito representada pelo meu partido, que não se vende nem se rende, nunca teve escândalos e nem denúncias de corrupção. Lutamos pela pluralidade de ideias, pelas liberdades democráticas, pelo nosso direito de existir.

Bagé é marcada por ser uma cidade machista pelo enfoque cultural do povo da fronteira e também pelo conservadorismo político. É preciso ter coragem para se expor e lutar pelos teus ideais. Como surgiu a ideia e porque resolvestes encarar essa disputa ao pleito? Sei que Bagé é uma cidade muito conservadora, já fui inclusive, agredida algumas vezes, vítima de transfobia. O avanço do conservadorismo no país também faz com que as pessoas se sintam a vontade para nós humilhar, agredir e inclusive matar. Ser candidata foi uma maneira de protestar contra discursos falsos moralistas, transfóbicos e obviamente de ódio. Quando o meu partido fez questão de me convidar para compor a chapa, eu aceitei porque sabia que seria um grande desafio para mim, e uma oportunidade de me apresentar como uma porta voz das pessoas como eu. Eu represento a comunidade surda e LGBTQ+ nessa sociedade que tenta anular as nossas existências. Luto por uma cidade acessível e mais justa! Vamos mostrar ao mundo que a gente existe e que temos capacidade de trabalhar com o que quisermos, sermos o que quisermos, sem medo. Mesmo com todo o desprezo que enfrentei na vida, consegui sobreviver. AS TRANSEXUAIS E SURDAS PODEM OCUPAR OS ESPAÇOS POLÍTICOS, SIM!

JM - Sabemos que apesar da luta contra a discriminação, ela ainda existe. Como foi o processo de campanha eleitoral?  

Ainda há muita discriminação e preconceito, sim. No meu caso, até os meus 16 anos, sofria muito preconceito e bullying pelo fato de ser LGBTQIA+, quando tinha 18 anos eu assumi a minha identidade nas redes sociais, algumas pessoas se identificaram comigo e comecei a ficar mais conhecida na comunidade. No processo da campanha, trabalhamos e dialogamos muito com os bajeenses.  Sabemos que o jogo eleitoral não privilegia aqueles que vêm de baixo, como nós, mas acreditamos que podemos conseguir mudar as velhas estruturas de poder, e lutamos por isso. Sofri ataques por ser trans e surda, mas não me deixei abalar porque sei que é uma grande surpresa para eles que pessoas como eu sobrevivam e cheguem a disputar com eles.  

JM - No atual cenário o Brasil chega às eleições de 2020 com um número recorde de pessoas trans em busca de um cargo no Legislativo. Como te sentes sendo uma representante e quais foram as tuas bandeiras?

É uma grande vitória do movimento transativista. Me sinto muito representada pelas pessoas que como eu, se empoderaram. Nós queremos mostrar pra sociedade que nosso lugar é onde a gente quiser, e queremos uma sociedade mais aberta em relação a nossa existência. Fico muito feliz também pelo número das candidaturas surdas. Tenho esperança que possamos ser reconhecidos, e que nossos direitos sejam respeitados e garantidos por Lei. Minhas bandeiras não são somente sobre diversidade, também luto por uma educação justa e libertadora. Quero trazer uma central de intérpretes de Libras para Bagé, dando acesso para as pessoas surdas daqui, que são mais de 100, aos mais diversos lugares públicos. Como uma pessoa surda vai ao hospital, banco, cartório e etc com o direito ao uso da própria língua negado?  É preciso desenvolver políticas que garantam dignidade para o nosso povo.
 
 

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