Campo e Negócios
Análise mostra que sementes sem origem enviadas pelos Correios contêm pragas
por Redação JM
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou, nesta quarta-feira (26), a análise de 36 amostras de pacotes de sementes não solicitadas que chegaram via Correios na casa dos brasileiros e foram encaminhadas ao Mapa. As análises realizadas pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás (LFDA-GO), referência em sanidade vegetal, indicam que 47% das amostras já analisadas apresentam risco fitossanitário ao país.
No Rio Grande do Sul, a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) recebeu nas suas inspetorias 46 pacotes oriundos do exterior com material vegetal sem origem determinada. A maioria deles, com sementes. Uma parte deste material já foi encaminhada ao Mapa para análise e outra será encaminhada em breve.
"Estamos recebendo pacotes de material sem origem determinada de todas as regiões do estado. Eles representam um risco para o ingresso de pragas. Por isso, o alerta de não abrir o pacote ou plantar em hipótese nenhuma estas sementes vindas do exterior, sem procedência", ressalta Ricardo Felicetti, chefe da divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Seapdr.
O risco das amostras
Após avaliação de risco fitossanitário, realizada pela área técnica do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas do Mapa, foi identificado que uma amostra continha a espécie Myosoton aquaticum, praga ausente no Brasil e com potencial para ser considerada quarentenária, ou seja, com risco de estabelecimento no país e de causar danos fitossanitários. Essa espécie apresenta resistência a herbicidas, o que torna seu controle difícil. A introdução dessa planta daninha no país pode ter impacto econômico negativo.
Em quatro amostras foram identificadas uma espécie quarentenária ausente - Descurainia sophia - considerada como planta daninha nos Estados Unidos e Canadá, além de planta invasora no México, Japão, Coreia, Chile e Austrália. Já a Myosoton aquaticum é considerada daninha nos campos de trigo da China. Outras 15 amostras continham gêneros que tem espécies quarentenárias ou espécies com potencial quarentenário, como sementes de Cuscuta; de Brassica; de Chenopodium; de Amaranthus; e dos fungos Cladosporium; Alternaria; Fusarium; e Bipolaris.
“Após análises laboratoriais, pode-se avaliar que a introdução de material propagação (sementes ou mudas), mesmo em pequenas quantidades, sem atender aos requisitos fitossanitários e de qualidade estabelecidos pelo Mapa, coloca em risco a agricultura brasileira”, ressalta o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, Carlos Goulart.