ELLAS
O que motiva suas atitudes, segundo o BBB21
Dilce Helena Alvez Aguzzi – psicóloga clínica
por Viviane Becker
“Jogar pra torcida” e “Pra inglês ver” são expressões que definem atitudes falsas, com o intuito de agradar somente a um nível superficial determinada plateia por curto espaço de tempo.
Big Brother Brasil seleciona seus participantes com o intuito de causar polêmicas. Na edição 2021, a coerência tem sido a tônica central. Uma semana de programa e todas as máscaras de famosos deram lugar ao ser humano por detrás, nem tão pop, nem tão engajado, menos ainda humanizado. Viu-se de tudo daqueles que já entraram com fama e cheio de “seguidores”.
- Quem empresta a sua voz à luta por respeito e justiça desprezar e desrespeitar por horas seguidas.
- Gente que acredita nos direitos humanos tratando o próximo com desumanidade.
- Celebridade que vive de humor, sem nenhum jogo de cintura ou tirando graça para o dia a dia às custas das características de outras pessoas, sotaque, origens, popularidade.
- Quem defende a liberdade de expressão agindo como sensor, limitando o que deve ser dito, determinando que sentimentos são válidos ou não.
- Artistas menosprezando a criatividade alheia.
Nenhuma destas atitudes espanta ou surpreende, afinal somos todos humanos e o ser humano é contraditório por natureza. É nesta dinâmica que nos frustramos e crescemos.
Nenhuma novidade até aí. O interessante é que as pessoas que estão protagonizando estas atitudes imaginam que estão arrasando, agradando, que estão com a aprovação do público! Jamais cogitam a possibilidade de estarem erradas, muito erradas, ou até mesmo causando reações extremas de ódio organizado!
É fato que o confinamento rouba a referência e sem ela o ser humano fica muito mais suscetível a vários gatilhos de conflitos, tanto internos quanto de relacionamento com os outros. Diante de tais fatores, a pessoa é traída por seus sentimentos, atos, preconceitos e medos; tudo que estava escondido com tanto cuidado pula como um animal selvagem para fora. De acordo com a capacidade de cada um em lidar com todos estes aspectos, não glamorosos da convivência confinada, surge maior ou menor segurança, equilíbrio ou instabilidade em agir e refletir sobre os fatos cotidianos que passam a tomar uma proporção exagerada.
Sem os outros não conseguimos ver alguns aspectos de nós mesmos, por isso somos sociais e por isso mesmo é tão difícil conviver em sociedade. Quem me aponta o dedo e me faz sofrer é também quem me incentiva ao crescimento por outra perspectiva.
Fico a me perguntar: O que será deles que vivem de likes, quando saírem e perceberem que não estão mais agradando?
Que outros aprendizados nos proporcionará esta edição do Big Brother além de que temos muito a aprender sobre máscaras e respeito?