Social
Que raiva!
por Dilce Helena Alves Aguzzi, psicóloga clínica
por Viviane Becker
Fiquei vermelho, roxo, tive um ataque, chorei de raiva...
Muita gente, se não usou uma expressão dessas, já presenciou alguém vivenciando.
A raiva é um sentimento inerente ao ser humano. Ou seja, todos sentem muitas vezes durante a vida. Como reagir ao sentir raiva, porém, não é igual para todos.
Na prática, é sentimento intenso vivenciado frequentemente. Suas manifestações físicas vão desde o tremor e o ruborescimento até alterações de pressão arterial. Já a forma como é expresso pode ser um sinal de maturidade ou desequilíbrio.
Durante muito tempo acreditou-se que sentimentos menos nobres não deveriam ser expressos, confundindo, assim, sua manifestação com cultivo. É sinal de maturidade e equilíbrio no manejo das emoções o direito a sentir qualquer uma delas. Aceitação, portanto, faz muita diferença.
Tem gente que não aceita a própria raiva, como se isso fosse torná-la má. Vai-se reprimindo tal emoção por julgá-la imprópria. Até chegar ao ponto em que se é traído por ela. Aí não dá mais pra reprimir e explode, muitas vezes surpreendendo quem está a sua volta.
Existe também aquele que a externaliza sem o menor receio ou preocupação com o alvo, causando estragos emocionais e até materiais para quem está perto.
A repressão ou descontrole das emoções podem prejudicar vidas. Em ambos os casos é importante a autopercepção. Entrar em contato com os próprios sentimentos, descobrir suas causas e o que fazer com eles proporciona amadurecimento, crescimento na habilidade em lidar com os próprios sentimentos e também com o dos outros. Sentir raiva é normal. Jogá-la em cima dos outros ou trancar dentro de si é que não.
Cada pessoa pode descobrir com sua experiência qual o melhor caminho para a expressão de seu sentimento de raiva. Às vezes, basta admitir dizendo “estou com raiva de ti” ou “desta situação”. É quase um alerta ou pedido de desconto por parte dos outros, já que está irritado.
Comunicar a própria raiva é um dispositivo bom, que funciona bem, mas não é um passe de mágica, não neutraliza seus sentimentos. Apenas abre caminho para um diálogo posterior, quando o sentimento já foi amenizado.
Quando a pessoa se conhece e se aceita pode descobrir qual a melhor forma de livrar-se da raiva sem criar um desequilíbrio físico que pode levar a doenças.
Vale respirar fundo, procurar um amigo, ficar sozinho, cair no choro ou até dar socos na almofada. Qualquer uma dessas formas de expressão é excelente porque produz uma descarga que alivia e acalma sem machucar ou magoar ninguém.