Social
CAMILO MOREIRA
Morre o homem, fica a fama...
por Viviane Becker
Há no cancioneiro popular brasileiro, um samba famoso, entre outras tantas joias musicais, um em que consta a frase acima. Pois vou me valer dessa frase, dessa obra musical imortal, para escrever sobre o Homem que morreu. Descrever sobre o ser humano, a bondade, a inteligência, a grandeza de vida e o que trilhou Camilo Moreira, a multidão de amigos que amealhou em sua iluminada e feliz caminhada nesta terra, seria apenas repetitiva. Muito já foi bem escrito e descrito. E muito mais teria. Mas vou apenas me valer da inesquecível convivência que tive a felicidade de compartilhar em tantas alegres oportunidades. Nas últimas décadas em que frequentei aquela casa, sempre havia um clima de acolhimento, tranquilidade, um ar de gente feliz com a vida. Sempre tive dele o abraço, o carinho, a alegria, o sorriso amigo, ameno, terno e expressivo que dividia com sua companheira de vivência nas horas de lazer e de recolhimento.
Ah! que harmonia e paz. Nida, como carinhosamente a chamamos, com sua natural doçura no trato e na condução de sua vida, formava com ele, uma dupla perfeita! Se entendiam no olhar e no sorriso. Nunca vi um conjunto; par de pessoas tão aproximadamente juntos. E não é neoplasmo. Por vezes, mesmo no silêncio, percebi os dois se entenderem sem palavras... Noutra oportunidade, quando ex-alunas do Grupo Gurias de Bagé da Gema homenagearam Camilo no shopping Praia de Belas, Varietá Bistrô. Foi saudado e agradeceu com sua delicada forma de expressão, o que muito nos emocionou a todas e a mim, em especial, pelo vínculo que nos reuniu tantos anos após eu ter saído de Bagé. Naquela ocasião, o casal foi tão acarinhado e aplaudido que ficamos integrados na homenagem, agradecendo por tão grande e feliz oportunidade. Enfim, morreu o homem. Fica a fama, não na forma explícita da palavra. Mas por tudo que representou na vida de cada um de nós! E fica a nossa certeza de que viveu seus últimos anos do ciclo de vida que cumpriu, cercado de amor, carinho, afeto, harmonia e paz. Na companhia de seus entes queridos, cercado de uma aura de companheirismo, cumplicidade, uma vida a dois, tão cercada de luz a calma, como na música de Luiz Vieira: "Na paz do seu amor".
*Ivanoska Alves Baptista
O texto acima é de uma bajeense que viveu aqui até sua adolescência, quando se mudou para o Rio de Janeiro, retornando adulta para Bagé. Na década de 1960, Ivanoska assinou uma coluna diária no Correio do Sul sobre o cotidiano, e também comandou um programa na Rádio Cultura, onde fazia reportagens externas, ao vivo, sobre a vida diária da cidade. Em 1968, optou por residir novamente na cidade maravilhosa, onde cursou Direito, e, em 1973, voltou para o Sul do país, onde casou, fixou residência e mora até hoje.