Cidade
Empresários avaliam medidas de auxílio emergencial estadual
por Melissa Louçan
Dois dos setores mais atingidos pelas medidas de combate à pandemia, empresas do segmento de alimentação e alojamento devem receber auxílio do Governo Estadual. A medida foi anunciada no último dia 26 e aprovada na terça-feira, pela Assembleia Legislativa. Com isso, serão repassados até R$ 107 milhões na forma de subsídio. O líder do governo na Assembleia, deputado Frederico Antunes, protocolou uma emenda que acrescentou mais R$ 7 milhões em recursos do Parlamento para o pagamento do subsídio de desempregados e empresas do setor de eventos.
Com a ação, o governo potencialmente irá atender, de forma direta, 96,4 mil beneficiários, entre empresas com atividade principal registrada de alojamento ou alimentação, ativas e inscritas no Simples Nacional; microempreendedores individuais com atividade principal de alojamento ou alimentação ativos; pessoas que perderam emprego nos setores de alojamento ou alimentação e estão desempregadas e mulheres chefes de família com três filhos ou mais, com famílias de pelo menos cinco membros, em situação de extrema pobreza não atendidas pelo Bolsa Família nem pelo Auxílio Emergencial Federal.
Pela proposta do auxílio emergencial gaúcho, os repasses seriam feitos em duas parcelas: de R$ 1 mil cada para as empresas do Simples e de R$ 400 cada parcela para microempreendedores individuais, desempregados e mulheres chefes de família. A ideia é que o governo possa garantir o crédito dos valores aos beneficiários em um período de 30 a 45 dias.
Para a empresária do segmento de alimentação, Andrea Amaral, a medida é mais uma tentativa do governador aliviar a consciência do que realmente ajudar o empresariado. “O que uma empresa faz com R$ 1 mil? Pago a luz, talvez”, diz.
Todas as economias da empresária foram aplicadas na reforma e equipamentos do bar, antes da inauguração. Os cálculos de Andrea que o investimento retornaria em forma de lucro em seis meses após a abertura do bar. Mas pouco depois do primeiro mês de atividades, o primeiro caso de coronavírus foi confirmado na cidade, deixando a empresária sem renda e sem reserva financeira. “Estou muito preocupada, não sei até quando vou resistir”, desabafa.
A empresária acredita que um auxílio mais eficaz para o setor seria a liberação de uma linha de crédito com juros baixos para que os empresários possam se reorganizar financeiramente: “Para a gente poder se reerguer, pagar os aluguéis atrasados, pagar os funcionários, que a gente não manda embora porque fica com pena das pessoas. Eles tinham que conseguir isso, linhas de crédito com juros baixíssimos ao invés de dar uma esmola”, avalia.
Microempreendedor do setor de eventos, Clodoaldo Monteiro deve receber duas parcelas de R$ 400, o que, segundo ele, pagaria apenas luz e o gás do mês. Com atividades paralisadas desde janeiro, ele acredita que apenas a partir de junho o setor deve ser retomado. Enquanto isto, ele vendeu um carro e uma moto para garantir recursos para as despesas do mês. "Se até junho não resolver, aí vou jogar a toalha e seguir outro caminho. Precisamos voltar a trabalhar, todo serviço é essencial”, desabafa.