ELLAS
Especialista fala sobre queda capilar acentuada em tempos de pandemia
"Alterações emocionais e sequelas pós-Covid podem estar relacionadas à queda do cabelo"
por Viviane Becker
O cabelo tem um poder que vai muito além da imagem refletida no espelho. Por isso, mesmo em tempos difíceis, frequentar o salão de beleza, seguindo todos os protocolos para o momento, proporciona benefícios imensuráveis.
Pintar as madeixas, renovar o corte, acrescentar luz e brilho, são pequenos feitos que renovam a aparência e proporcionam um frescor a mais, agregando sentimentos de rejuvenescimento, poder e saúde. O cabeleireiro Paulo Sérgio Santos concorda que um corte de cabelo diferente pode mudar o estado de espírito e o astral além de trazer outros tantos benefícios.
A equipe de reportagem do Caderno Ellas bateu um papo com esse especialista, que é pós-graduado em Tricologia e Terapia Capilar, sobre todas as questões que envolvem a pandemia relacionada não apenas à estética, mas à queda de cabelo comum neste período do ano - também apontada como sequela pós-Covid.
Estatísticas
De acordo com matéria publicada pela BBC, a queda de cabelo afeta um em cada quatro pacientes contaminados pela Covid-19. Segundo pesquisadores de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia, que analisaram dezenas de estudos sobre o tema, com 48 mil pacientes ao todo, os cinco sintomas mais comuns pós-covid: fadiga (58%), dor de cabeça (44%), dificuldade de atenção (27%), perda de cabelo (25%) e falta de ar (24%).
Paulo Sérgio salienta que problemas emocionais, doenças infecciosas ou autoimunes podem causar queda de cabelo de diversos tipos. Ele reforça que considera-se queda capilar qualquer alteração no ciclo de vida dos cabelos. O mais comum é a queda difusa em todo o couro cabeludo, que é chamada de eflúvio telógeno (condição que se caracteriza pelo aumento da queda diária) de fios de cabelo gerada por estresse ou doenças infecciosas e autoimunes. Há também pacientes com predisposição genética ou doenças autoimunes, por exemplo, que podem apresentar quedas em forma de rodelas, condição conhecida como alopecia areata.
O cabeleireiro explica que após passar por algumas situações que envolvem fatores emocionais, processos medicamentosos e infecciosos é normal que algumas pessoas passem por algum tipo de queda capilar. "Esses fatores atuam diretamente na corrente sanguínea onde serve de veículo para nutrição das células, assim, levando células doentes e causando uma disfunção na estrutura capilar. Tenho recebido queixas de clientes a respeito da queda de cabelo e sabemos que mudanças na estação sempre estamos num processo de eflúvio telógeno, mas estamos passando por uma pandemia, onde também devemos levar em conta as condições que o COVID-19 afeta", salienta.
O especialista reforça que os sintomas após recuperação também podem gerar a queda dos cabelos, sem deixar de considerar a grande carga psicológica que acomete às pessoas e ao uso de medicações que acabam gerando alterações, para o corpo humano. "Os cabelos são considerados anexos da pele, e a pele é uma estrutura corporal. Os fios de cabelo possuem ciclos de vida que, nestes casos de covid, podem sofrer um encurtamento em seu ciclo, levando ao eflúvio telógeno ou alopecia areata. É necessário observar o fator que desencadeia a queda, que pode levar a dois a três meses após o fato", alerta.
Tratamento
"O importante é o cliente, assim que observar esse tipo de alteração no ciclo, fazer um acompanhamento profissional, para repor os fios o quanto antes, ou até mesmo interromper a queda até que o ciclo volte a funcionar", alerta o cabeleireiro.