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Campanha Inspiração que Inspira da Aapecan compartilha relatos de quem venceu o Câncer
Conheça a história da menina Giovana, usuária da Aapecan Bagé, que sobreviveu à leucemia
por Jaqueline Muza
Em abril de 2016, com apenas um ano e dez meses, a bajeense Giovana Rodrigues da Rosa foi diagnosticada com Leucemia Linfoblástica Aguda. Hoje, em período de remissão do Câncer, sua mãe Eliâne Rodrigues conta sua história de superação e como a Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) de Bagé foi importante neste processo.
No auge da sua primeira infância, Giovana era uma menina alegre e esperta. Aos dez meses começou a caminhar e desfraldou. Mesmo falando pouco, o mais importante ela dizia: mamãe. Na noite de 21 de abril de 2016, Giovana teve febre e vômitos. O seu irmão Samuel, de apenas quatro anos na época, pediu à mãe que a levasse ao médico. Eliâner acreditando ser algo normal de bebê disse que logo passaria, mas ele insistiu. Já eram três horas da manhã, a febre não baixou, os vômitos continuaram e o corpo agora estava coberto de petéquias – manchas marrom-arroxeadas causadas pelo sangramento sob a pele. Com a insistência do filho, a mãe levou a menina para o hospital e não voltaram para casa. Não tão cedo.
No dia seguinte, Giovana foi internada no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) na ala de Oncologia. Após realizar exames detalhados, o diagnóstico chegou: Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) com alto risco de recidiva e com mais de 80% da medula afetada. Gi, como carinhosamente a mãe a chama, estava apática e sua pele era branca feito papel. Durante uma semana, ela transfundiu sangue e recebeu plaquetas todos os dias: “meu mundo caiu, meu sentimento inicial era de que ela iria morrer e as emoções se misturavam”, conta Eliâner. A família ficou apavorada, principalmente, pelo diagnóstico de Câncer.
Com o início do tratamento, Giovana viveu tempos muito difíceis. Ela encarou os períodos de febre, as coletas e os exames. Enfrentou os acessos que estouraram, cateteres que infeccionaram e as diversas dosagens de medicamentos. Além disso, contou com a solidariedade dos santa-marienses quando necessitava de campanhas de doação de sangue e plaquetas. A menina foi submetida a quimioterapia por três anos e três meses. Por isso, muitas datas comemorativas foram celebradas dentro do hospital. Durante este tempo, elas conheceram outros pacientes que infelizmente vieram a falecer. Foi o caso de uma criança muito próxima a Giovana. A mãe conta que em uma noite, a filha acordou chorando porque havia recebido a visita de Mari para se despedir. Eliâner negou, pois não tinha a confirmação de seu falecimento, mas mais tarde receberam a notícia.
Com a ausência de Eliâner em casa devido ao tratamento da filha, Samuel começou a apresentar dificuldades de aprendizagem na escola. A mãe conta que foi orientada pelo colégio a buscar ajuda na Aapecan. Assim, em 16 de março de 2017, Giovana tornou-se usuária da Associação. A menina, o irmão e a mãe passaram a ser atendidos pela psicóloga da Unidade Bagé da Aapecan, que realizava visitas domiciliares à família. Eles também tiveram acesso aos benefícios sociais concedidos pela instituição, como: kits alimentares, fraldas e suplementos. “Sempre digo que a Aapecan abraça a família. Ela trata a família e assim é que criamos este vínculo de amor que perdura até hoje”, relata Eliâner. Por ter se sentido acolhida por todos da entidade, ela diz que um dia pretende retribuir de alguma maneira e que tem vontade de tornar-se voluntária.
Atualmente, Giovana está com seis anos, em período de remissão da doença e faz consultas e exames duas vezes ao ano. “Hoje ela é uma menina que se tornou forte e guerreira. Uma criança que não chora atoa, que não se abala”, conta Eliâner. A mãe agradece a Deus pelo privilégio de poder estar com a filha e pelos aprendizados que tirou dessa experiência. Para quem está enfrentando o Câncer neste momento, ela lembra: “nada é acaso, tudo é um aprendizado. A vida é uma renovação constante. Para tudo há um propósito e para todo propósito há Deus. Assusta? Sim, assusta. Há choros, dias de frustração e de sensação de impotência, mas há uma vida pela frente. Temos que viver ela, lutar por ela, seja como for. Porque passa, tudo passa”.