Cidade
Dia das Mães: os desafios da maternidade durante a pandemia
por Melissa Louçan
Mesmo antes da pandemia, a rotina da grande maioria das mães brasileiras já costumava ser pesada: enquanto se dividiam entre os cuidados com a família e a casa, muitas ainda cumpriam expediente em emprego formal. E desde o ano passado, em meio à pandemia e todos os reflexos advindos dela, a experiência da maternidade vem sendo mais atribulada para muitas mães. As incertezas relacionadas ao momento, somadas às dificuldades de manter crianças entretidas e seguras em casa - cumprindo a carga horária de atividade escolares à distância - , têm exercido uma grande pressão nas famílias, especialmente, nas matriarcas.
Para a servidora pública Nairusce Takeda Macedo, todo o sentimento chega com peso redobrado através dos gêmeos Theo e Laura, nascidos em junho de 2019. As crianças completaram um ano em meio à pandemia, de forma que a família não pôde celebrar o primeiro ciclo dos gêmeos junto aos amigos. Inclusive, muitos ainda não os conheceram pessoalmente. “Eu sempre sonhei com a festa de um ano porque para mim não seria só o primeiro ano deles, seria também o meu primeiro ano como mãe, o primeiro ano da nossa família”, conta.
Mas mais do que frustrar a celebração do aniversário e o convívio em família e com pessoas próximas, a pandemia também trouxe um outro agravante: a total mudança na rotina da família de Nairusce, à semelhança do que aconteceu na grande maioria dos lares brasileiros.
Ela relembra que antes da chegada da pandemia, os bebês já estavam frequentando a escolinha, já que o período de licença-maternidade havia terminado e a mãe voltou ao trabalho. Quando os primeiros casos foram confirmados, e com o home office adotado em grande parte das atividades públicas de cunho administrativo, ela ficou em casa e acumulou o desempenho profissional com a rotina da casa e cuidados com os gêmeos.
E apesar de já ter uma rotina programada desde a chegada de Theo e Laura, ela relata que para dar conta das adaptações necessárias, dividiu as tarefas com o marido, conciliando as horas de trabalho e cuidados com os bebês. “Enquanto um estava trabalhando, o outro cuidava deles. Meu marido me ajuda muito, tanto nos cuidados com a casa quanto nos cuidados com nossos filhos. E isso é muito importante, acredito, para qualquer mãe”, ressalta.
E apesar de terem um ao outro para brincar – uma das vantagens de ter gêmeos, segundo a mãe – eles ainda não puderam aproveitar locais e atividades normais para a idade, como o convívio com outras crianças e brincadeiras ao ar livre. Apesar de já ter retomado o trabalho presencial, Nairusce conta que optou por mantê-los em casa até o final deste ano, cumprindo as atividades que a escolinha encaminha. “Meus filhos nunca foram a uma praça, não fomos para praia e tantas outras coisas que queríamos fazer com eles e, em virtude da pandemia, não podemos. Mas a saúde deles em primeiro lugar. Tenho muita esperança que tudo isso passe logo e que nossa vida volte ao normal”, diz.
Mas, apesar de todas as dificuldades, Nairusce aponta um grande ponto positivo do período: “Tive a oportunidade de estar com eles nessa fase linda de conhecimento. Estava junto quando começaram a engatinhar, dar os primeiros passos, na primeira palavra. Coisas que talvez eu não presenciasse”, relembra.
E a mãe já tem planos de programação com o marido e os gêmeos, assim que a situação voltar ao normal: “Quero muito viajar. Ir à praia e mostrar para eles o mar. Eu sou apaixonada por praia e fico os imaginando lá. Eles adoram brincar com água”, conta.