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BA-GUA | 100 ANOS

Meu Ba-Gua inesquecível: histórias de quem viveu o clássico

Em 31/07/2021 às 21:00h
Yuri Cougo Dias

por Yuri Cougo Dias

Meu Ba-Gua inesquecível: histórias de quem viveu o clássico | BA-GUA | 100 ANOS | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Tiago Nunes treinou Abelhão em 2012 - Foto: ReproduçãoJM

Seriam necessárias inúmeras páginas para contemplar os bastidores desse clássico centenário. Entretanto, o JORNAL MINUANO ouviu algumas personalidades (jogadores, treinadores e dirigentes) que fizeram parte da história do Ba-Gua.

Carlos Alberto Macedo Ducos (ex-presidente jalde-negro)

“Foi a vitória do Bagé, em 1974, no campo do Guarany, pelo Copa Governador do Estado. Aos 41 minutos do segundo tempo, com gol marcado pelo Derly. Se o Bagé não ganhasse era o Cachoeira que sairia campeão. Eu tinha 21 anos e jogava com o Paulo Sérgio, membro daquela equipe, no Gente Bem. Por isso, tinha toda uma amizade. Assisti aquele jogo com o Homero Karam, que não está mais aqui. E outro clássico que me marcou foi em 2011, quando o Bagé já estava rebaixado para a terceira divisão e levou o Guarany, também, vencendo um Ba-Gua”.

Tiago Nunes (técnico do Bagé em 2012)

“Tive a oportunidade de disputar dois clássicos em 2012, um no Estrela D’alva e outro no Pedra Moura. Por razões óbvias, o que mais ficou guardado na minha memória foi o do Pedra Moura. Era uma tarde com muita chuva e tempo fechado, todos os ingredientes do futebol gaúcho. Com dois gols do Fernandinho e um do Aguinaldo, o Bagé conseguiu se impor sobre a equipe do Guarany, que tinha um grande investimento com jogadores consagrados no Rio Grande e, também, com Adriano Gabiru. Eram os galácticos da Segundona. O que ficou mais latente na minha memória foi a festa dos jogadores, que se atiraram no barro e, dentro do vestiário, cantaram a música ‘e dá-lhe jalde-negro’. Faltou o acesso, mas é um clube que carrego no coração e com muito carinho, principalmente com meu amigo Carlos Alberto Macedo Ducos”.

Fernandinho (meio-campista)

“Todos os Ba-Guas tiveram sua importância, mas o que mais me marcou foi um Ba-Gua em 2012, time comandado por Tiago Nunes. Ganhamos por 3 a 0 e acabei contribuindo com dois gols. Esse Ba-Gua marcou muito também por ser estreia do Gabiru em Bagé. Houve toda essa repercussão. Para mim, tirando o Gre-Nal, que é um dos maiores clássicos do Brasil, o Ba-Gua é o mais importante, particularmente falando, por eu ter sentido de perto a paixão de muitos jalde-negros e alvirrubros. Também acredito que seja o clássico mais acirrado do Brasil, chega a ser feio de tanta disputa e entrega dos jogadores em campo (risos)”.

Paulo Roberto Rocha (ex-lateral do Bagé)

“Cheguei em Bagé em 1971 e minha história em Ba-Guas é logo no primeiro que disputei. Contavam que, no último, o Bagé tinha perdido por 6 a 0. Além disso, faziam quatro anos sem vitórias. Acerto um chute que raspa na cabeça do Vanil e entra no ângulo. Vencemos por 1 a 0, fui considerado o melhor em campo e ganhei muitos presentes. Ali, o amarelo e o preto entravam com força na minha vida. Eu sempre dei sorte de fazer gols em Ba-Guas. Teve outro onde avancei pela direita e desferi um chute atravessado, encobrindo o goleiro Jorge. Esse outro foi no campo do Guarany. Foi um chute de fora da área, a bola bateu nas costas do Aíta, enganando o goleiro. O Ba-Gua é um jogo especular, dentro e fora de campo. As especulações, as dúvidas nas escalações. E dentro do campo, o ‘couro comia’. É um jogo em que, muitas vezes, extrapolamos. A adrenalina fica a mil e acabamos fugindo do jogo mais bonito, pois discussões e desequilíbrios acontecem. Mas nada é igual”.

Tato Moreira (presidente do Guarany)

“Foi o meu primeiro Ba-Gua como presidente, em 2004, no Estrela D’alva. Era uma quarta-feira de tarde, inclusive, na época, fui muito criticado por aceitar esse Ba-Gua na quarta-feira. Tinha contratado Aguinaldo, Paulino, jogadores que eram do Bagé; o Bicudo já estava conosco. Um ano antes eu estava na torcida, não fazia nem parte da diretoria e fui direto para presidência, num ano com muitas dificuldades. Foi ali que começamos o projeto do time que subiu em 2006. Era uma tarde feia, fria para caramba. Foi muito tenso, pois ninguém quer estrear num Ba-Gua com derrota. Acabamos empatando, sendo que o Bagé tinha um time infinitamente superior. Só sei que, em Ba-Gua, como presidente, ganhei muito mais do que perdi”.

Aguinaldo Cruz (ex-zagueiro)

“Foram dois. O primeiro eu estreava pelo Guarany, em 2006. Foi bem estranho, pela mistura de sentimentos. Fiz toda minha base no Bagé e aprendemos desde cedo a ter rivalidade. Mas quando você é profissional, não pode levar a paixão acima da carreira. Nos primeiros 15 minutos, era uma sensação de enfrentar aquela camiseta que eu vesti e joguei. Mas depois já me senti atleta do Guarany. Hoje, digo que amo os dois. E o segundo foi pelo Bagé. Em 2009, depois da minha terceira intervenção cirúrgica, no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Valia pelo Citadino e era à noite. Fiz o gol da vitória e saímos campeões no estádio do Guarany. Me emocionei bastante aquele dia. Nosso time era projetado como inferior. Também serviu para mostrar que eu estava bem e que minha carreira ainda não tinha acabado”.

Eduardo Lence, Dudu (ex-atacante)

“Pelo Guarany, em 2010, num jogo à noite, no Estrela D’alva, estávamos empatando em 1 a 1. E aos 46 do segundo tempo, numa bola lançada num tiro de meta, um colega deu uma casca e a bola caiu nos meus pés. Entrei frente à frente contra o Fernando (goleiro do Bagé), fiz que ia chutar e meti uma cavada para fazer 2 a 1. Depois, fechou uma pancadaria. Outro marcante pelo Guarany foi em 2006, num Ba-Gua em Porto Alegre. Estava 0 a 0 e o Leco iria cair. Lá pelos 48 do segundo tempo, num bate-rebate, a bola sobrou e eu dei um biquinho no canto. Depois, o Leco não caiu e subimos o Guarany. E o outro foi em 2012, quando ganhamos por 1 a 0, com gol meu de cabeça. Estava voltando de lesão, após dois meses parado. O Rodrigo Bandeira me chamou e disse que tinham falado para ele que eu era bom em Ba-Gua. Fui para campo mau-condicionado, mas consegui fazer o gol. Ba-Gua sempre foi um jogo diferenciado para nós que somos da cidade e que vivemos o dia a dia”.

Renato Saraçol (ex-meia atacante)

“Tenho duas fotos que me orgulho muito, de dois clássicos decisivos pela Copa da Cidade, em que fui campeão pelo Bagé e pelo Gurany. Pelo lado do Guarany, fui ainda mais decisivo, pois o placar foi 2 a 0, com o segundo gol marcado por mim, de cabeça. Hoje, tenho carinho muito grande pelos dois clubes. Sou muito feliz por ter feito parte dessa história. Jogar um Ba-Gua é diferente que qualquer outro jogo. Vivemos o clássico já uma, duas semanas antes de acontecer. Pelo menos era assim no tempo que eu ainda estava no profissional. Acho o clássico Ba-Gua um dos maiores do interior do Rio Grande do Sul, com estádio sempre lotado. Enfim, fazer gol em clássico era muito bom também”.

 

Alguns Ba-Guas de minha vida

Juca Giorgis *

“Desde criança assisti Ba-Gua. Meu pai era alvirrubro, já fora até dirigente. E nos levava ao futebol, especialmente no Estrela D’Alva. Já contei uma vez. A gente morava na Rua Bento Gonçalves e, depois do almoço dominical, a pé, descia a João Telles até passar o Moinho Bajeense. Antes de dobrar havia uma viela que se costeava, margeando as águas da Panela do Candal. E que desembocava perto do estádio. Depois de atravessar a entrada se ia para o velho pavilhão de madeira, de onde se ouvia as batidas das chuteiras no chão, na hora que os atletas, lá no vestiário, faziam um aquecimento primitivo. E sob aplausos, atravessavam a cancela e ingressavam no duro gramado. Vitórias e derrotas. Brigas homéricas. Gols inesquecíveis. Quando o Guarany perdia, perto das cinco horas, se tinha esperança de virar o placar na hora que o trem apitava, quando percorria os trilhos atrás das arquibancadas do adversário. Assisti Ba-Guás até em Porto Alegre. Lembro um, na Pedra Moura, em que o Rui Garrastazu, com sua famosa canhota fuzilou o Darcy: 1x0. Depois houve um desfile, e na frente, como porta-bandeira, ia uma vara com a chuteira (botina), embarrada ainda, com que o Rui marcara. Tudo parava para os discursos na frente da sede, que ficava na rua Gal. Neto, ao lado da Pensão Villar.

Outro, aconteceu em outubro de 1949. O Bagé vinha ganhando tudo, estava invicto. Com medo de mais um fracasso, a diretoria do Guarany (Dr. Darcy Azambuja, seu Toneca e Martim Rossel) resolveram contratar o craque Nelson Adams, que estava em litígio com o Grêmio. Fizeram com ele um contrato milionário para a época, se o Guarany ganhasse ele ficaria para o resto da temporada. Com ele veio mais o Beresi, também atleta de fama. Para a partida, a Federação mandou um juiz inglês, Mister Barrick, para atuação que fosse isenta. Num dia de chumbo, o estádio cheio, o Guarany deu um passeio no Bagé, a torcida estava empolgada, dois a zero na primeira etapa. Nelson Adas gastava a bola. Quando se aproximava o fim da etapa, o Nelson pisa na redonda e, pasmem, senta nela. Na época não havia maior ofensa no futebol. O juiz adverte. Explode a torcida alvirrubra. Irritam-se os abelhas. Lembre-se que não havia os alambrados. Mas uns muros baixos, na frente de que ficavam os que compravam as cadeiras. À beira do campo. Ao alcance do grito e de um braço. Segundo tempo. Muda-se o panorama. Os jogadores do Bagé parecem cartagineses. Lutam ferozmente. Marcam um gol. E outro. A partida está empatada, até que o pequeno Velho faz o gol da vitória do Bagé, e antes que o esférico atravesse a linha do gol, ele também senta na bola! Termina o jogo, do pavilhão alvirrubros cadeiras são atiradas. De um lado e outro, como combatentes na batalha do Seival, partem de lá os jaldenegros que tinham cadeiras e daqui as feras alvirrubras. Foi uma batalha campal. Até tiros dos brigadianos. Narrei, pois, um jogo em que perdi. Agora, um que ganhei.

Aconteceu em outubro de 1969. Bagé tinha estado em festa com a posse do presidente Médici. Muita euforia na cidade. Disputava-se a zona Sul para o Ascenso. O Guarany vinha de duas vitórias sobre o Rio-Grandense, de Santa Maria e o Rio Grande. Estava classificado para outra fase. O Bagé não, estava até com problemas, sem treinador, um triunvirato assumia e como técnicos, Liader Previtali, Ione Medeiros e Jacob Sued, todos meus saudosos e leais amigos. Estádio da Estrela D’Alva cheio.

Logo nas primeiras escaramuças, Walter lança Galeno que dribla Ismael e Danúbio, servindo Selmar que desvia de Plínio: um a zero. O Bagé domina. Toninho e Ilton já comandam a meia-cancha. Numa escapada, de surpresa, o  Saulzinho arremata e vence Ferreira. Os índios festejam, mas murcham quando o juiz, sem razão, anula o gol. Impedimento de Abílio, que ninguém viu.

Logo Amarante lança Toninho que tenta superar Ferreira, que leva o pé até o rosto do ponteiro. Pênalti e gol de Zé Roberto. Pouco depois, falta à beira da área jalde-negra. Ferreira espalma o chute de Abílio, mas Saulzinho estava atento. Dois a um. Fim do primeiro tempo. Em ritmo de valsa, aos poucos, o Guarany vem tocando, tocando, até que Amarante conclui: três a um. O Bagé tenta fechar-se com Táti no lugar de Picão. Outro gol de Toninho e logo um de Abílio. No finzinho, Wilmar joga contra o patrimônio: seis a um. Um dos escores históricos nos Ba-Gua. No fim do ano o Guarany subiria para a Divisão de Honra do Futebol Gaúcho, eis que Campeão no Ascenso que lhe cabia.

* Presidente do Conselho (algumas vezes), Diretor de Futebol (1974), Presidente (1968, 1969, 1972 com Alceu Malafaia, 1976, 1977, 1982 – triunvirato com Roberto Dini Duarte e Álvaro Oscar Tavares-, mas sempre torcedor). 

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