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Aparecida do Brasil: a relação de amor e devoção dos brasileiros com sua padroeira

Em 12/10/2021 às 08:00h

por Redação JM

Aparecida do Brasil: a relação de amor e devoção dos brasileiros com sua padroeira | Cidade | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Lei estabeleceu o dia 12 de outubro como feriado nacional e Nossa Senhora Aparecida como

Por Lucas Zacouteguy
Acadêmico de Jornalismo Urcamp


A história de Nossa Senhora Aparecida já foi contada e recontada inúmeras vezes. A devoção começa junto com o encontro da imagem da Santa, no rio Paraíba do Sul, em São Paulo, no ano de 1717. A imagem em terracota, medindo 36 centímetros, foi encontrada por três pescadores, João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia, durante uma pesca infortuna. Em um dos arremessos de suas redes na água é retirado o corpo, e em seguida, a cabeça de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.

Os três homens haviam sido encarregados de buscar os peixes que seriam servidos em um banquete ao Conde de Assumar, então governador das províncias de São Paulo e Minas Gerais, que visitava a região. Apesar de todos os esforços por parte dos pescadores, os peixes não surgiam, até o encontro da Virgem. Daquele momento em diante, segundo consta, ocorreu o primeiro milagre, com uma pesca abundante. Após retornarem ao vilarejo, a imagem da Santa permaneceu na casa de Felipe Pedroso durante muitos anos, onde os moradores locais se reuniam frequentemente para orar.

Por ter sido encontrada, a imagem de Nossa Senhora recebeu o título de "Aparecida". Os milagres atribuídos a ela foram se espalhando, e a devoção crescendo. Em 1734, foi erguida a primeira capela em honra a Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Em 1834 teve início a construção de uma igreja maior, para abrigar a imagem e seus inúmeros fiéis, a chamada Basílica Velha, localizada em Aparecida do Norte, inaugurada oficialmente em 1888. O manto azul e a coroa de ouro que compõem a imagem, foram ofertados pela Princesa Isabel neste mesmo ano, em agradecimento por uma graça alcançada. O título de "Padroeira" foi proclamado em 1930, mas tornou-se oficial no ano de 1980, através da Lei nº 6.802 que decretou o dia 12 de outubro como feriado nacional e Nossa Senhora Aparecida como "A padroeira do Brasil".

Para a professora Maria do Horto Loreto a fé é compreendida como "algo que faz a gente acreditar que sempre existe 'alguém' a nos proteger independente do que possa nos acontecer". A devoção a Nossa Senhora Aparecida, segundo ela, começou há mais de 30 anos, após a morte de sua mãe: "Sempre fui católica praticante, mas minha devoção aflorou mesmo depois que perdi minha mãe, em 1990, de um infarto fulminante. Me senti órfã de mãe", relata Maria do Horto.

A devota garante ter tido várias graças atendidas, e relembra momentos delicados, como uma doença que a acometeu em 2005. No hospital fez uma promessa: se saísse daquela situação iria construir uma capelinha com a imagem da Santa e fazer circular pelo quarteirão do bairro onde mora, na vizinha Dom Pedrito. Assim aconteceu. A fé também está marcada na pele, em forma de tatuagem no braço, e em uma capela iluminada na frente de casa que foi construída pelo marido, e que segundo a professora, ilumina a todos que passam por ali.

Uma Nossa Senhora negra e brasileira
Se forem analisadas as aparições marianas ao longo da história, é visível que, na maioria das vezes, Nossa Senhora se apresenta com as características do povo, e geralmente em situações de grande sofrimento. "Nossa Senhora se faz solidária ao povo local, com seu sofrimento e suas angústias", destaca o padre Lucas Mazzochini, capelão militar.

Quando encontrada, há mais de 300 anos, a imagem de Aparecida surgiu negra das águas do Rio Paraíba, em um Brasil escravocrata. Para alguns, a cor da Santa pode ser explicada pelo tempo em que a imagem permaneceu submersa; para outros, pela fuligem das velas depositadas aos seus pés. Coincidência ou não, em um país em que a maioria da população é negra, Maria adotou a aparência de sua gente em meio a um período tão cruel.

Mãe agregadora
Aparecida é uma santa popular. Virou letra de música, tema de livros, documentários, telenovela e até mesmo enredo de escola de samba. Essa relação de amor e fé dos brasileiros com sua padroeira pode ser conferida, por exemplo, no documentário "A imagem da tolerância", lançado em 2017 e disponível no Youtube, onde pessoas de diferentes etnias, classes sociais e até mesmo outras religiões compartilham sua visão e suas histórias sobre Nossa Senhora Aparecida.

De acordo com o padre Mazzochini, essa relação é facilmente explicada pela figura materna, que aproxima seus filhos de Cristo. "Ela é aquela que intercede, que vai estar nos acompanhando em várias situações da vida. Mãe é aquela que agrega", enfatiza o religioso que define Nossa Senhora como sendo a "extensão do cuidado de Deus para conosco".

Intolerância Religiosa
Em mais de três séculos a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi alvo de intolerância religiosa em diversas ocasiões, duas delas de grande repercussão. A primeira em 1978, dentro da Basílica Velha, quando um homem tenta roubar a imagem original do altar. Perseguido por seguranças e fiéis, o homem joga a imagem no chão, quebrando-a em mais de duzentos pedaços que foram restaurados pela artista plástica Maria Helena Chartuni, no Museu de Arte de São Paulo (MASP). A segunda em 1995, em um caso conhecido como o "Chute na Santa", em que um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus chutou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida durante um programa de televisão, incidente que causou comoção nacional.

"Veja aí a questão do respeito com as diferentes opções religiosas, crenças. Claro que fere. Se você xingar minha mãe eu vou ficar ofendido, então naturalmente causa toda uma comoção. Claro, ali tem toda uma compreensão também. A imagem para nós católicos é como uma foto, em que a gente recorda a mãe", diz. "A gente chama [isso de] veneração e não adoração", explica o capelão. O padre aproveitou ainda para frisar que o respeito mútuo é a base de uma sociedade e finalizou destacando a necessidade de manter viva a esperança e cultivar a solidariedade neste período de crise causado pela pandemia.

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