Urcamp
Dia do Chimarrão é celebrado neste domingo
Bebida símbolo do Rio Grande do Sul é herança dos índios Guaranis
por Redação JM
Por Lucas Zacouteguy e Sharon Maia
Acadêmicos de Jornalismo da Urcamp
Independente da estação do ano, seja no frio ou no calor, o chimarrão não sai do dia a dia dos gaúchos. Consumido de forma individual ou em rodas de conversa, é sinônimo de hospitalidade e companheirismo. A bebida, que é considerada tipicamente gaúcha e símbolo do estado, tem um dia próprio, o 24 de abril, mas o que poucos sabem é que sua origem vem dos índios Guaranis - tribo que habitava a região Sul do país e consumia a infusão de erva-mate com água quente em recipientes feitos de porongo.
A erva-mate
Popularmente conhecida como erva-mate, a Ilex paraguariensis, é originária da região subtropical da América do Sul, e além do chimarrão, pode ser utilizada como matéria-prima para a produção de outras bebidas, como chás e energéticos, bem como na indústria dos cosméticos e dos produtos de limpeza. Além do Brasil, a planta está presente em países como Paraguai, Argentina, Uruguai, Chile e Bolívia.
De acordo com o portal da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), os maiores produtores da planta no país são os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul - este em menor escala. Em 1980, a erva-mate foi considerada como árvore símbolo do Rio Grande do Sul, através da Lei nº 7.439, e no Paraná, está representada na bandeira e no brasão de armas.
Um breve histórico
Com a chegada dos jesuítas ao Rio Grande do Sul, o insumo principal para o preparo do chimarrão tornou-se uma forma de controlar os povos originários. “A distribuição da erva-mate foi usada pelos jesuítas como forma de doutrinação dos indígenas, que só recebiam a erva-mate depois que fossem para o culto da missa no domingo”, destaca a professora e doutora em História, Clarisse Ismério.
Neste mesmo período, o costume do chimarrão se popularizou entre os europeus, que começaram a fazer algumas modificações na bebida. “Uma das primeiras modificações foi a questão de colocar açúcar, e aí ficou agradável ao paladar de algumas mulheres que gostavam do chimarrão doce”, pontua Clarisse. Ela comenta ainda: “Em alguns lugares, não era [consumido] nem na cabaça, na cuia; era numa xícara de louça”.
Atualmente, existem inúmeras versões da bebida, que se encaixa aos diferentes costumes e práticas locais. “O mate, ou o chimarrão, que são os dois nomes que se dá, vai se adaptando conforme o paladar de cada região e de cada país”, finalizou a historiadora.
No cotidiano dos gaúchos
O técnico em agropecuária Luiz Hernany Trindade Peres tem no chimarrão um companheiro indispensável, que o acompanha pelo menos duas vezes ao dia: na parte da manhã e ao entardecer. Ele recorda ter adquirido o costume diário de beber chimarrão na época em que cursava sua graduação, mas acredita que esse hábito é uma herança passada através das gerações. “É um costume que vem de dentro de casa”, analisa. Pai do pequeno Matteo, hoje com três meses, já faz planos de repassar o costume ao filho.
A acadêmica de Jornalismo, Lívia Monteiro, natural de Ponta-Porã, no Mato Grosso do Sul - cidade conhecida como ‘Princesinha dos ervais’ - é gaúcha de coração, mas confessa não ter o hábito de tomar mate diariamente. Para ela, a bebida torna-se realmente indispensável e presente nos eventos tradicionalistas que frequenta ou nos encontros com amigos para apreciar o pôr do sol da Rainha da Fronteira. “O mate, pra mim, é uma bebida que coloca em prática a troca de significados, como a fraternidade, humanidade, saberes e união de um povo. De certa forma, foi o que me permitiu interagir com uma cultura diferente e ser pertencente dela”, conclui.
Benefícios para a saúde
Diversos estudos apontam os inúmeros benefícios que o chimarrão proporciona à saúde de seus adeptos. Por ser uma bebida consumida quente, torna-se um excelente diurético, auxiliando quem sofre com a retenção de líquidos.
Devido à quantidade de cafeína encontrada nas folhas da erva-mate, foi comprovado que o chimarrão é um ótimo aliado para espantar o cansaço, seja físico ou mental, auxiliando nas tarefas rotineiras e estimulando as atividades físicas.