Cidade
Bajeense realizará terceira exposição fotográfica em Portugal
por Melissa Louçan
Aos 70 anos, a bajeense Lucia Medeiros deve emprestar seu olhar e subjetividade à sua terceira exposição fotográfica na Europa. A partir do dia 20, seu trabalho recente poderá ser visitado no Museu de Faro, em Portugal, país que escolheu para viver desde 2017.
A exposição “Os 2 da 33A” - sala onde acontece a Mostra, no Museu - estará disponível para visita entre 20 de agosto e 16 de outubro e pode ser considerada interativa. Isto porque, junto à Lucia, também expõe o fotógrafo Vinicius Almada. O autor de cada foto não estará identificado, deixando espaço para os visitantes votarem em qual dos dois capturou a imagem. A ideia é contrapor o ponto de vista e as ideias de mundo de duas pessoas, de gênero, faixa etária e vivências diferentes.
Fotografia na inquietude produtiva
Nascida em Bagé em 1952, Lucia mudou-se para Porto Alegre, ainda criança, após a transferência do pai, funcionário do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Ela recorda que, aos 9 anos, ganhou a primeira câmera: uma Kodak, com direito a um rolo de filme 400ASA de “12 poses” por mês. Com o passar dos anos, foi trocando os equipamentos por outros mais modernos e com mais recursos. “Na verdade, me deram uma câmera porque era uma criança que não parava quieta. Deram um jeito de tornar essa inquietude produtiva. Mesmo quando não tinha filme, ficava ‘enquadrando’, vendo as coisas pelo visor da câmera”, recorda.
Lucia já traz no currículo outras exposições, como em 2020, quando expôs seu trabalho na Casa Das Artes em Tavira e, em 2021, no Consulado do Brasil em Faro, na Exposição Olhares Migrantes. “Agora em 2022, no Museu Municipal de Faro, é a terceira exposição em Portugal”, conta.
Em sua primeira exposição, contou com a apresentação de um renomado fotógrafo português, Fernando Ricardo. “Tenho consciência que esse aval carreou olhares qualificados para meu trabalho, que, de outro modo, talvez demorassem muito a perceberem minha presença”, comentou.
Graduada em Biblioteconomia, com mestrado e doutorado em Educação pela UFRGS, nunca fez da fotografia uma profissão, mas sempre a utilizou para exercitar a criatividade e mostrar seus diferentes pontos de vista do mundo. Em seu portfólio, traz variações de temas com diferentes composições, desde fotografias de ambientes urbanos até paisagens. “Minha preferência é pela estética da melhor luz, onde ela estiver. Talvez, por isso, essa aparente miscelânea. Estou sempre olhando o que os mestres fotógrafos fazem e o que as artes plásticas oferecem como inspiração”, conta.
Apesar de ter saído ainda criança da cidade, a artista mantém vínculos com a cidade, com familiares que costuma visitar. Questionada se planeja uma exposição na terra natal, afirma: "Para isso precisa de convite. Seria uma grande honra".