Campo e Negócios
Expansão de olivais impulsionam a produção de azeite na região
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por Joice Cougo Nunes
A Campanha vivencia um notável crescimento na plantação de oliveiras. As condições climáticas e o solo da região auxiliam no impulso da produção de olivais e estimulam o desenvolvimento econômico local. O extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Edison Dornelles, explica que a retomada do cultivo de oliveira no Rio Grande do Sul, e sucessivamente na Campanha, aconteceu em meados de 2006, quando grupos de produtores de Caçapava do Sul e de Cachoeira do Sul começaram a plantar oliveira. Em Bagé, o plantio começou em 2012, através de projetos de incentivo, conforme esclarece o especialista em Olivicultura, sócio e responsável técnico da indústria Azeites do Pampa, Emerson Menezes. Atualmente, na região são aproximadamente 90 produtores.
Segundo Dornelles, de 2020, a área de cultivo era de 918 hectares (ha). Já em 2023, houve um aumento para 1.327 ha. Bagé quase dobrou a área, nesses três anos, de 206 ha para 404 ha. Além disso, com os primeiros cultivos de oliveira na retomada no Rio Grande do Sul, a maioria dos técnicos não conhecia muito o comportamento da planta, nem se a região era propícia para o plantio. “Na medida que foram passando os anos, fomos corrigindo as técnicas, vendo o que ela precisa para ter plena produção. Estamos ajustando. São diversas técnicas, vai desde implantação do olival, que o pessoal está fazendo de uma forma correta e se aperfeiçoando até a boa adubação, nos momentos certos, influenciam para que ela seja bem produtiva”, analisa.
Menezes ressalta que a Campanha possui bom potencial para a cultura, desde que em solos bem drenados, mas o custo da implantação é elevado, o que dificulta o crescimento acelerado dos plantios. De acordo com o especialista, as colheitas são maiores ano a ano e os azeites recebem o reconhecimento nos maiores concursos ao redor do mundo inteiro. “Sabemos quais as cultivares mais adaptadas aos nossos terroir e hoje em dia não podemos repetir os erros cometidos no passado. Existem muitos desafios tecnológicos, econômicos e comerciais e tenho a convicção que em algumas décadas alcançaremos a autossuficiência na produção e consumo de azeites”, avalia.
Para Dornelles, o azeite de oliva é um alimento que melhora a condição de saúde de quem consome. “É um grande apelo que a gente faz. Ele é um produto nobre, e uma gordura saudável que todos deveriam consumir em grande quantidade. Fora isso, o atrativo da produção são os valores aplicados no azeite. A outra questão é que o Brasil importa tanto azeitonas de mesa, quanto azeite que é consumido aqui. Então há uma perspectiva grande de mercado”, considera.
A Azeites do Pampa, fundada em 2019, é composta por dez sócios, todos produtores do município. Conforme informa o técnico, a indústria compra a produção dos sócios e produz o azeite Terrapampa, primeiro produzido na cidade. “Outros produtores parceiros, não sócios, encaminham suas produções até a indústria para processar e extrair azeite. Depois os levam engarrafados com marca própria extraídos na Azeites do Pampa”, conta.
Além de comercializar na propriedade, a indústria tem produtos em diversos estabelecimentos da cidade, como supermercados, padarias, delicatesses, pizzarias e restaurantes. “Creio que o Terrapampa seja o azeite mais vendido em Bagé. Também vendemos em outras cidades do RS, e fora do Estado estamos começando a vender”, ressalta Menezes.
Já o radio-oncologista, José Dionísio Becker, aderiu à cultura há cerca de cinco anos e tem 2.800 plantas, com variedades de Arbequina (80%) e Koroneiki (20%). Becker observa que a produção em escala geométrica das azeitonas passou de 104 quilos no primeiro ano, para mais de 6.000 quilos no terceiro ano, tendo como efeito a precocidade no início da produção. Na última safra foram colhidos 6.158 kg de azeitonas, o que rendeu 962 litros de azeite extra-virgem. O radio-oncologista destaca que vários fatores o influenciaram, já que se trata de uma fruta saudável e o terroir - região geográfica, clima, solo e etc, são favoráveis ao cultivo. “Além disso, foi por influência dos meus filhos, o qual um deles é médico cardiologista, Leandro Becker, e fã de uma alimentação saudável. Como oncologista também sou um defensor da boa alimentação, onde o azeite de oliva extra virgem, com suas qualidades, auxilia muito numa vida saudável”, afirma.
Para que a produção tenha um desenvolvimento eficiente é necessário o acompanhamento de técnicos especializados. A Emater/RS-Ascar e a Secretaria Estadual da Agricultura assessoram os produtores, desde a retomada do cultivo. A partir disso, a Secretaria criou um grupo técnico de apoio à olivicultura, que configurou a Câmara Setorial e a implantação do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva). O Projetos Olivais do Pampa e Brasil Próximo também contribuem para o fomento e capacitação técnica na região. Becker destaca também que há um grupo no WhatsApp, Olivicultura Integrada, que ajuda os produtores através de informações e debates de produtores brasileiros e internacionais.