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As Sem-Razões do Amor
por Giana Cunha
Dia desses ouvi numa gravação dessas de redes sociais o poema "As Sem-Razões do Amor", de Drummond, publicado em 1984. Tão bonito poder ouvir e ir em busca de ler poesia. Carlos Drummond de Andrade era mestre em palavras amorosas (que também retrataram as dores do amor). Sublime!
E como ele sabia dissertar sobre as mais diversas facetas do amor.
Carolina Marcello, mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes, destaca que "o jogo de palavras presente no título do poema (a assonância entre "sem" e "cem") está diretamente relacionado com o seu significado. Ainda que alguém tente enumerar uma centena de razões para sua paixão, nunca será capaz de explicá-la."
É... realmente o amor modifica tudo em nossa volta. E por isso partilho aqui. Boa leitura!
As Sem-Razões do Amor (Carlos Drummond de Andrade)
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou de mais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.