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Reunião debate atraso de salários com médicos da Santa Casa
O atraso de salários, a falta de estrutura necessária para trabalhar e a defasagem das contratualizações da Santa Casa de Caridade de Bagé junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) foram os principais temas debatidos na noite de terça-feira, em reunião promovida pelo Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) e Sociedade de Medicina de Bagé.
O delegado regional do Simers, Roberto Gaffrée, iniciou o debate expressando a necessidade de falar das condições de trabalho e a vulnerabilidade que a categoria enfrenta atualmente, com quatro meses de salários atrasados.
O médico abriu espaço aos colegas, para debaterem a questão, contar experiências e tirar dúvidas sobre a atual situação financeira. Além do atraso de salário, alguns profissionais comentaram o rebaixamento de proventos que veem sofrendo, a fim de adequar a folha de pagamento à atual realidade do hospital.
O ex-provedor da instituição, o cardiologista Luiz Alberto Vargas, comentou sobre a defasagem salarial, mesmo quando ainda pagos em dia. “O último aumento que recebemos foi há cinco anos”, destacou.
Outra questão que entrou em pauta para debate foi o valor pago por serviços realizados pelo hospital através do SUS. “Os valores seguem os mesmos há 17 anos. Não houve nenhum reajuste desde o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Isso deveria ser revisto na próxima contratualização”, disse. O representante jurídico do Simers, Leonardo Cavalheiro Moraes, falou sobre a questão contratual, os deveres e obrigações de ambas as partes.
Dívida milionária
O provedor da Santa Casa, Airton Lacerda, reafirmou a difícil situação da entidade e apresentou números referentes ao deficit do hospital. Segundo ele, quando assumiu, em dezembro de 2016, o montante de dívidas acumulava mais de R$ 10 milhões. Em junho deste ano, seis meses após assumir a gestão, o valor do passivo era de R$ 7.319 milhões. Além disso, relembrou que a Santa Casa deve mais de R$ 23 milhões em empréstimos, sendo que este valor soma parcelas mensais de R$ 600 mil. Conforme o provedor, os atrasos levariam pelo menos 12 meses para serem regularizados.
Para Gaffrée, o encontro foi positivo, pois uniu a categoria a fim de encontrar saídas para ajudar a Santa Casa. “Estamos trabalhando praticamente de graça, vestimos a camiseta. Mas precisamos que algum encaminhamento seja feito para resolver essa situação”, comentou. A categoria deve se reunir em breve, para debater alternativas, como doações espontâneas, que possam auxiliar financeiramente a Santa Casa.