Cidade
Bajeense relata clima de tensão na Catalunha
A região espanhola da Catalunha enfrentou, ontem, uma greve geral, com o apoio dos principais sindicatos e organizações pró-independência, em protesto pela atuação policial no domingo, quando houve um referendo separatista na região. O governo catalão realizou a consulta, que mobilizou 2,2 milhões de pessoas. O bajeense Ricardo Almeida, 56 anos, que está, desde a semana passada, em Reus, cidade do litoral mediterrâneo, relata ao Jornal MINUANO o clima de tensão vivido pelos catalães.
O autônomo visita o irmão, Paulo Roberto Almeida, que reside com a família na Catalunha desde 1994. Ele conta que, no domingo, dia do referendo, houve protesto em Barcelona, distante cerca de 100 quilômetros de Reus, e a tensão aumentou. Ações desencadeadas pelas forças de segurança da Espanha deixaram mais de 800 feridos, dois deles em estado grave.
Em Reus, a votação foi tranquila. Almeida informa que a cidade possui cerca de 200 mil habitantes. Segundo ele, cerca de 97% da população votou pela emancipação da Catalunha. Também foi realizado protesto durante todo o dia de ontem. “O povo está determinado, mas o governo espanhol não quer perder a região mais rica do país”, diz.
Referendo
A Catalunha tem uma população de aproximadamente 7,5 milhões de habitantes. A primeira tentativa de consulta sobre emancipação, sem valor legal, ocorreu em 2014. No referendo de domingo, os catalães deveriam responder sim ou não para a proposta de tornar a Catalunha um estado independente, em forma de República, se separando do governo central espanhol.
A consulta foi considerada ilegal pela Justiça. No entanto, tanto o governo catalão como o parlamento, rechaçaram a decisão e mantiveram o processo, considerado este o primeiro passo para a independência. O governo espanhol alega que o referendo fere a constituição e a unidade do país.
O governo central enviou mais de 10 mil agentes para a região, com o objetivo de impedir a realização da consulta. Foram confiscadas urnas e cédulas de voto, além de material de divulgação nos centros de votação. Imagens de oficiais agindo com truculência e impedindo catalães de votar, correram o mundo.
Greve
Inicialmente, o protesto foi convocado para mostrar a rejeição pelas prisões e os registros policiais da semana passada a fim de evitar o referendo, mas a ação da polícia no último domingo levou à mudança do sentido do protesto.
O governo regional da Catalunha, que já tinha estabelecido serviços mínimos para a greve inicial, os rebaixou, de modo que em setores importantes como ferrovia, metrô e ônibus de Barcelona, ficam sensivelmente reduzidos, de 50% para 25%.
A greve teve impacto no transporte público, na administração pública, educação e saúde. Um total de 24 manifestações fecharam o tráfego em várias vias da Catalunha, provocando retenções, em alguns casos, de mais de 10 quilômetros, segundo o Serviço Catalão de Transporte.
Durante pronunciamento, o rei Filipe VI acusou, ontem, o governo catalão de agir fora da legalidade e de tentar quebrar a unidade da Espanha. Ele salientou que a emancipação não deve ocorrer.