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Cidade

A despedida a Paixão Côrtes

Publicada em 29/08/2018
A despedida a Paixão Côrtes | Cidade | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Velório ocorreu ontem, no Salão Negrinho do Pastoreio, em Porto Alegre

por Paola Manke
Acadêmica de Jornalismo da Urcamp

O velório de João Carlos D'ávila Paixão Côrtes, que morreu aos 91 anos na segunda-feira, teve início na manhã de ontem, na cidade de Porto Alegre. O corpo chegou às 8h no Salão Negrinho do Pastoreio, onde foi velado por familiares e, logo após, aberto ao público por volta das 10h, quando recebeu inúmeras homenagens e comoções de lamento de todos que por ali passavam. O corpo de Cortês foi velado até as 17h e enterrado às 18h, no Cemitério São Miguel e Almas.

Instituições e movimentos tradicionalistas prestaram homenagens durante este dia de despedidas, com preces e recitais, além de adornarem o Palácio Piratini com coroas de flores. Na sede do governo, o mastro da bandeira rio-grandense segue em meia-haste, além de um período de luto oficial por três dias ter sido decretado.

Paixão Cortês, como era conhecido, dedicou sua vida a pesquisas históricas sobre a cultura do Rio Grande do Sul, resgatou as vestes, os costumes, as músicas e as danças. Reergueu as raízes do povo do Estado e lutou para fazer essas memórias seguirem vivas e atuantes até hoje, deixando seu legado de imenso amor pela tradição gaúcha, trazidas por décadas e carregadas de pais para filhos durante gerações futuras Ascendeu a primeira chama crioula e, com ela, a paixão pelas memórias esquecidas de um povo que lutou para conquistar seu espaço. Foi modelo da Estátua do Laçador, que é a representação do gaúcho pilchado e está na cidade de Porto Alegre, onde hoje recorda a memória dos tradicionalistas que honram sua cultura e se orgulham dos ensinamentos trazidos por este gaúcho que ensinou o que é a tradição.

Paula Carina Oliva Bundt, coordenadora da 18ª Região Tradicionalista (18ª RT), conta que conheceu Paixão Côrtes ainda muito nova, com seis anos de idade, em um congresso tradicionalista. Ela recorda o momento com carinho, no qual, conforme ela, ele lhe deu um beijo na testa e depois disse: "Eu te marquei com um beijo, e recém comi um churrasco gordo. O meu bigode tá engraxado, mas pode ter certeza que foi um beijo com muito carinho, prendinha!".

Para a coordenadora, ao longo do tempo aprendeu, com seu pai, Soliva, que também foi coordenador da 18ª RT, a respeitar tudo que "Paixão" ensinou. "Eu cresci ouvindo falar em Paixão, eu cresci lendo Paixão Côrtes, eu cresci aprendendo com Paixão Côrtes. E hoje me junto a todos os tradicionalistas, a todas as pessoas que honram, que se orgulham, que respeitam o tradicionalismo e a cultura gaúcha neste lamento da perda de uma pessoa que para nós é um ícone, que, a partir de hoje, se torna uma lenda no tradicionalismo", disse. À reportagem, ela também agradeceu a oportunidade de estar prestando esta última homenagem em nome da 18ª RT, para dizer: "Onde ele estiver, tenha certeza que sempre honraremos tudo aquilo que, com coragem, com bravura e ousadia, ele construiu e nos deixou como legado".

Caine Teixeira Garcia, escritor e compositor, criado na cultura tradicionalista, declara: "Pessoas como eu, que fizeram e fazem parte dos movimentos tradicionalistas, e que transitam no ambiente dos Centros de Tradições Gaúchas (CTG's), sabem bem da importância de Paixão Côrtes para o RS. Obviamente que sua influência e história não se resume a esse meio, pois alcança, também, o nativismo, a literatura, enfim, a cultura em suas mais diversas formas de manifestação. Há um antes e um depois de Paixão Côrtes na nossa cultura. Ele foi e seguirá sendo o próprio Rio Grande, a mais pura estampa e estirpe do Sul, de uma maneira indelével. Muito obrigado, Paixão Côrtes! Os gaúchos são eternamente gratos a ti."

"Graças ao seu trabalho e empenho, contamos com um acervo inestimável da nossa cultura popular gaúcha. Ele transmitiu e compartilhou seu conhecimento colaborando com documentários, dando entrevistas, palestrando, ensinando professores e alunos e ministrando cursos sobre tradição, folclore e danças tradicionais, além de utilizar-se da rádio para difundir, disseminar e oportunizar um espaço para as manifestações culturais do nosso Rio Grande", completou Garcia.

A vida do ícone

Criador do Movimento Gauchesco Artístico-Cultural Rio-grandense (Mogar), idealizado para difundir a cultura gaúcha às novas gerações, e integrante do Grupo dos 8, do Colégio Júlio de Castilhos, Paixão Côrtes liderou inúmeros movimentos importantes na história do tradicionalismo, dando origem ao símbolo da "chama crioula", por exemplo, além de muitos outros que inclusive inspiraram a criação da Semana Farroupilha.
Obteve o reconhecimento de seu trabalho e dedicação tornando sua aldeia universal. Foi escolhido como um dos "Vinte Gaúchos que Marcaram o Século XX", através de votação espontânea, além de ter recebido várias outras honrarias importantes como a comenda "Ordem ao Mérito Cultural", por serviços prestados à cultura brasileira, a medalha "Negrinho do Pastoreio" e o "Troféu Guri", por sua destacada atuação na cultura, e a "Medalha Assis Brasil", pelo trabalho realizado em prol da agropecuária.

Foi, também, líder e fundador do Movimento Tradicionalista Gaúcho e do 35 Centro de Tradições Gaúchas, uma pioneira referência em modelo de movimentos culturais no Estado, mesmo que antes já tivessem sido criados outros centros de tradições gaúchas, além de ser lembrado pela fundação do Conjunto Folclórico Tropeiros da Tradição, tendo feito uma parceria com o escritor Barbosa Lessa.

O compositor da fronteira, apesar de levar a tradição da música gaúcha a todo o Rio Grande do Sul, expandiu as fronteiras da música gaúcha tendo suas composições reconhecidas em âmbito nacional e internacional, além de ter clássicos regravados por grandes nomes no cenário da música brasileira, como Nara Leão, Inezita Barroso entre outros.

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