Cidade
Bajeense integra equipe que atuou prestando atendimentos em Brumadinho
A psicóloga bajeense Franciele Pimentel Soares, de 32 anos, que atua em uma empresa no Rio de Janeiro há mais de dois anos, foi uma das profissionais que prestou atendimento, semana passada, as famílias atingidas pela tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais.
De acordo com a psicóloga, que está de férias em Bagé, visitando seus pais, o trabalho consiste em fazer o acolhimento e dar orientações a famílias em crise através Programa de Apoio ao Empregado (Eap). O atendimento é realizado, inicialmente pelo telefone e, dependendo da situação, a pessoa é encaminhada para um consultório. “É um trabalho novo na psicologia”, disse.
Franciele comenta que a empresa atende a mineradora Vale e isso fez com que uma equipe se deslocasse para o município de Brumadinho para prestar atendimento. Segundo ela, profissionalmente, foi uma experiência enriquecedora, mas, de qualquer forma, não tem como deixar a emoção de lado. A psicóloga destaca que as pessoas estavam muito perdidas por terem que lidar com a perda de colegas de trabalho, familiares e amigos. Ela enfatiza que atendeu muitas pessoas em posição de liderança e ninguém queria deixar o local para prestar atendimento e auxiliar. “É uma posição muito difícil, de vítima e algoz”, relata.
A bajeense enfatiza que a cidade mineira está totalmente desestruturada e caótica e é possível que aumentem os índices de depressão, ansiedade e até suicídio. “Este tipo de tragédia causa um impacto enorme. As pessoas perderam a base. O local era lindo e, em 14 segundos, foi tudo devastado”, frisa.
Reconhecimento
Pelo tipo de serviço que realiza, a jovem foi uma das contempladas pela empresa e, agora, vai receber um prêmio internacional devido a um dos atendimentos. Somente ela e outra colega, Roberta Castro, foram selecionadas. A premiação irá acontecer em abril, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
Franciele comenta que a história premiada foi inscrita por colegas de equipe e consistiu no relato do atendimento de uma mãe, esposa de um funcionário de uma das empresas atendidas, que estava em fase terminal de câncer e buscou ajuda psicológica para preparar os filhos, ainda pequenos, para a sua morte. “Fizemos todo o acompanhamento e alguns colegas inscreveram a história. A premiação é um reconhecimento de todo o processo”, conta.