Cidade
Morre a carnavalesca Wanda “Fuzilica”
Morreu, na manhã de ontem, a conhecida carnavalesca Wanda Saury da Rosa, aos 97 anos. Uma amante da folia, até o final da vida mantinha a jovialidade e amava ser porta-bandeira.
A neta, Janaina Pires Castelo, conta que ela morreu em decorrência da idade. “Arrisco a dizer que também por falta do carnaval e saudade dos dois filhos que faleceram, no ano passado e em 2017”, comentou. Em uma entrevista feita pela reportagem do jornal MINUANO, com Wanda em 2013, a simpatia da carnavalesca era visível e entusiasmava qualquer pessoa a gostar da folia de momo. Apaixonada pelo carnaval, iniciou a sua carreira de porta-estandarte com 10 anos, por incentivo da avó. A carnavalesca defendeu várias bandeiras, mas tinha a escola de samba Aliança e o bloco Arco-Íris no coração.
A jovem senhora não dispensava um batom “encarnado” - como ela mesma dizia -, estar com as roupas combinando e bem perfumada. “Tenho que ser uma velhinha cheirosa”, brincou durante a entrevista, à época. Ela contou que quando era mais nova gostava de bailes, festas e passeios, divertimentos dos quais abria mão na velhice. “Só não deixo o meu carnaval”, comentou para a reportagem. Ela afirmava que gostava de cerveja e cigarro, hábitos que perdeu com o passar dos anos. Uma das coisas de que se orgulhava e ressaltava era manter o corpo de menina. Wanda contou que foi casada durante 33 anos e, após ficar viúva, teve outros relacionamentos. “Todos morreram e resolvi desistir porque já estava com mais idade e a próxima seria eu”, salientou com bom humor.
Desses relacionamentos restou uma família grande, com sete filhos (dois falecidos), 40 netos, mais de 90 bisnetos e mais de 15 tataranetos que, sempre que possível, ajudava a cuidar. “Muitos nem conheço, por morarem longe de Bagé”, destacou na entrevista de 2013. A carnavalesca disse ainda que a folia mudou muito. Ela enfatizou que sentia falta do carnaval da avenida Sete de Setembro, do confete, da serpentina, das máscaras e brincadeiras com lança-perfume. “Fuzilica” que era bem humorada e sempre estava com o sorriso estampado nos lábios, ela dizia que gostava de qualquer música, mas o samba é o preferido. “Só tocar e já saio rebolando”, diz.
Wanda foi uma das mais antigas foliãs de Bagé. Para ela, carregar a bandeira de uma instituição tem segredos dos quais se orgulhava ter aprendido. “Tem que apresentar a entidade e ser simpática com o público. A bandeira tem que ir no alto, pra todo mundo ver”, afirmou durante a reportagem. Além do carnaval, Wanda foi ama-de-leite, lavadeira e trabalhou em casas de família. Dedicava-se às benzeduras, que aprendeu com a mãe, ainda adolescente. Adorava tomar chimarrão e cozinhar. “Meu prato predileto é ensopadinho de massa”, contou.
Wanda foi velada durante todo o dia de ontem, na Capela São Judas Tadeu, e será sepultada na manhã desta segunda-feira, às 9h, no Cemitério da Santa Casa de Caridade de Bagé.