Fogo Cruzado
Nasser aponta qualidade do serviço público como prioridade de gestão
Pré-candidato pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) à Prefeitura de Bagé, o empresário Nasser Yusuf, 50 anos, apresenta uma plataforma centrada na qualificação do serviço público. “Quando a população não paga uma conta de água em 30 dias, por exemplo, o poder público vai lá e corta. Mas a mesma eficiência que tem para cobrar, precisa ter para prestar bom serviço à população”, resume.
Nasser tem experiência política. O ex-presidente da Câmara de Bagé, entretanto, não é o único pré-candidato do PDT ao Executivo, em 2020. O ex-vereador Francisco José Rosa dos Santos (Chico Brizola) e o vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Rio Grande do Sul (OAB/RS), Jorge Fara, também formalizaram pré-candidaturas junto à legenda.
O PDT tem tradição no cenário bajeense. O partido com o segundo maior quadro de filiados da cidade já governou o município. No pleito de 2016, a sigla disputou a Prefeitura com as candidaturas de Sapiran Brito, para prefeito, e Bia Lamego, para vice, na coligação denominada 'Por Uma Bagé Sustentável', formada com o PL (na época PR), que elegeu dois vereadores: Augusto Lara e Omar Ghani.
Atuando no comércio, no setor da construção civil e no agronegócio, Nasser explica que a pré-candidatura representa uma forma de contribuir com a cidade que o acolheu na década de 1980. “Sou natural de Brasília. A proposta de disputar a Prefeitura, pelo PDT, é uma forma de demonstrar gratidão ao povo de Bagé, pela acolhida. Aqui casei e estruturei minha vida. Não sou político profissional. Não vivo da política, mas posso dar minha contribuição”, pontua.
Conjuntura
Observando uma tendência de polarização entre extremos, Nasser adianta que procura seguir o caminho do diálogo. “Vamos para eleição dar um recado inovador. Vamos fazer crítica, sim, mas construtiva e propositiva, sem ataques e sem agressões contra nenhum partido. Se formos alvo, a resposta será à altura. Mas o que quero deixar bem claro é que estamos dispostos a apresentar um projeto de governo, com foco na transparência, na eficiência e no combate à corrupção, que hoje assola a política no Brasil”, salienta.
A proposta defendida pelo pré-candidato passa pela qualificação dos serviços básicos. “A população não pode ter dificuldades para acessar serviços de saúde. Também precisa de um bom transporte coletivo e asfalto nas ruas. Tudo isso estimula o cidadão. Ao município cabe respeitar o patrimônio público. Conheço muita gente que deixa de comprar um calçado para o filho ou uma roupa, para pagar o IPTU e a água. Os governantes precisam respeitar isso, garantindo o retorno em serviços. É o mínimo que pode ser feito”, avalia.
Valorização dos servidores
O pré-candidato do PDT projeta uma redução drástica do número de cargos de confiança (CC's), como forma de valorizar os servidores do quadro municipal. “Os recursos que serão economizados com a redução podem ser usados para estimular os funcionários de carreira. A Prefeitura precisa pagar bem para poder também exigir meta. Os servidores devem ser tratados com respeito e dignidade”, enfatiza.
Nasser adianta que é contra a concepção de que filiados a partidos devem ocupar posições que ele classifica como 'cargos de ponta da administração pública'. “Se um funcionário estudou, fez concurso e se qualificou para uma função, por que colocar um CC? Quem perde com isso é a população. O CC passa pela administração pública, o funcionário não”, argumenta.
Alvará unificado
A criação de um alvará unificado é encarada, por Nasser, como alternativa para reduzir a burocracia municipal. “O poder público tem que ser rápido, eficiente e atender bem. Alvarás sanitários e alvarás de localização, por exemplo, podem estar no mesmo carimbo. O município tem que facilitar para o empreendedor, não atrapalhar, com um vai-e-vem de processos. Um projeto da construção civil não pode ficar na gaveta. Tem que ser ágil. Isso impacta no crescimento do município. Temos que fazer com que a máquina pública trabalhe como a iniciativa privada. Pagou, levou. Não tem porque ficar na enrolação”, reforça.
Extensão da Ceasa, frigorífico municipal e segurança no campo
Nasser trabalha uma proposta de extensão da Ceasa, vislumbrando uma central de abastecimento para promover a comercialização de produtos da hortifruticultura, a nível de atacado, para municípios da região, o que abrangeria Aceguá, Hulha Negra, Candiota, Lavras do Sul e Dom Pedrito. “Seria uma forma de estimular a geração de emprego e também estimular os agricultores de Bagé, que, muitas vezes, produzem e enfrentam dificuldades para comercializar. Penso que a cidade tem capacidade estrutural de arcar com isso”, pondera.
A plataforma apresentada pelo pré-candidato do PDT também inclui a criação de uma espécie de frigorífico municipal de pequeno porte, estruturado pela prefeitura, dentro das regras sanitárias. “A intenção é estimular aqueles pequenos pecuaristas, que criam poucos animais e têm dificuldades para vender um para frigorífico maior. O mini frigorífico pode vender um produto de qualidade, inspecionado, gerando mais emprego e tributos. Também pode abater ovinos e suínos, abrindo novos mercados”, avalia.
Nasser menciona, como uma proposta de pré-candidatura, a criação de uma guarda municipal voltada para a segurança no campo. “Bagé é uma cidade reconhecida como produtora de carne. É um produto importante, que gera muitos recursos. E temos que colaborar com os produtores. O abigeato prejudica muito. A guarda municipal rural atuaria nas estradas vicinais, ajudando a autoridade policial a combater o abigeato. Podemos pensar em ações conjuntas, ouvindo especialistas da área, para ver de que forma o município pode atuar neste setor”, esclarece.
CIC's
A reestruturação dos Centros de Integração Comercial (CIC's) é encarada como prioridade pelo pré-candidato do PDT. “Os trabalhadores não são prestigiados no município. Os CICs estão mal estruturados. É preciso melhorar a estrutura, fazer uma reforma ampla, garantindo segurança e boa ventilação, com bons banheiros e lancherias. Mas também é preciso resolver a situação dos trabalhadores que não estão nos CIC's, que estão atuando fora”, menciona.
Qualificação e revisão de tributos
Nasser projeta a criação de programas municipais de qualificação, que utilizariam as estruturas das escolas para oferecer cursos profissionalizantes. “Existe um problema com a oferta de mão de obra qualificada. Entendo que o município tem que instalar um programa forte. É uma forma de combater o desemprego. Um jovem, hoje, quando quer entrar no mercado, enfrenta essa dificuldade. As empresas já não querem preparar porque o custo é alto. Então o município precisa enfrentar essa situação. E a solução é relativamente fácil. Passa pela educação”, explica.
O pré-candidato do PDT também defende o que classifica como revisão de tributos, mencionando os valores associados aos alvarás e à Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública no Município (CIP). “Houve um aumento absurdo. Penso que nenhum tipo de reajuste pode ser feito acima da inflação. Existe, inclusive, uma guerra travada entre o setor empresarial e o município, por conta das taxas. Nossa proposta é voltar aos valores anteriores, com reajustes, quando necessários, dentro da inflação”, garante.
Centros populares
O pedetista menciona, como proposta, a criação de centros populares, nos bairros, para ofertar serviços básicos à população de baixa renda. “Tudo pode ser viabilizado através de convênios”, explica, ao revelar que vislumbra a atuação da universidades neste processo. “Podemos estabelecer convênio com a Urcamp, por exemplo, para aproveitar estagiários da Veterinária, do Direito, Enfermagem, Arquitetura. Por um lado, os universitários ganham a experiência, na prática; por outro, o município ajuda a resolver problemas da população pobre”, relaciona.
Modelo para educação
O programa projetado pelo pedetista, para a Educação, tem foco direcionado à valorização dos professores. “Meu sonho é manter um colégio municipal com o mesmo padrão do Bradesco. Seria o ideal, com merenda de ponta, uniforme de ponta, professor bem pago, em uma escola de tempo integral e bem estruturada. Não adianta investir em escola cívico-militar se ela for ideológica. Precisamos de uma escola que valorize a cultura, o esporte, que ensine línguas estrangeiras. Se todos os profissionais passam pela mão do professor, então temos que incentivar o professor”, reforça.
Saúde
A proposta de Nasser para a Saúde preconiza o aprimoramento da rede básica. “Vivemos em um país em que o pobre ainda morre, porque tem que esperar 30 ou 40 dias por atendimento. O SUS deu um exemplo a nível mundial. É um dos melhores modelos do mundo. Mas podemos avançar mais. Existe uma dificuldade nas especialidades. Então, precisamos contratar médicos. Defendo uma política de gestão para agilizar consultas e exames”, enfatiza.
Escritório em Brasília
A abertura de um escritório em Brasília, definido por Nasser como 'embaixada de Bagé', é vista como uma estratégia para garantir recursos. “O governo federal é muito dinâmico com relação a verbas. Um gabinete na capital, com especialistas sempre atualizando o município sobre o que pode ser acessado, em termos de valores, tornaria mais eficiente a captação de recursos. Não podemos admitir perder verbas por falta de documento ou projeto”, justifica.
A embaixada teria, inclusive, um papel central na proposta de solução para a oferta de água, defendida pelo pedetista. “O escritório cumpre essa função, de atuar na liberação de recurso, o que tem relação com a barragem. Mas é importante entender que o problema da água é antigo e não existe milagre. Eu acredito que o município precisa fazer um comitê de apoio, com a participação do Ministério Público, para viabilizar este projeto”, salienta.
Revisão do tombamento
Nasser também tem uma proposta definida sobre o patrimônio histórico, propondo uma revisão do processo de tombamento do centro histórico. “Temos que rediscutir com o Compreb e com o Iphae, fazendo uma conversa sadia, com respeito, para flexibilizar a situação dos prédios tombados. Conheço empresários que abandonaram Bagé porque não conseguiram viabilizar investimentos. Ninguém enfrenta esta demanda”, critica.
O pré-candidato afirma que não pretende estabelecer um conflito. “Não queremos uma guerra, mas sim um diálogo. O novo prefeito precisa fazer uma discussão ampla para reavaliar a questão do tombamento. São muitos imóveis. Acho que tem que tombar o patrimônio. Eu tombei quando fui vereador, mas não desta forma. Acho, particularmente, que exageram na dosagem. Não se trata de derrubar prédio antigo, mas de garantir o futuro. Infelizmente, o poder público se omite”, lamenta.