Social
Humanamente, mulher!
Dilce Helena Alves Aguzzi
por Viviane Becker
(Eis uma crônica, um artigo, um poema para o Caderno Ellas de alguns anos, em um março, em um Dia da Mulher, e que se refaz para que não esqueçamos do feminino em todos os dias do ano, em todos os meses da vida.)
Para ser de fato uma mulher do Terceiro Milênio a que se lembrar de:
Honrar nossos antepassados. Só vislumbramos nosso tempo porque uma rede de gerações cheias de sonhos e obstáculos nos trouxe até aqui.
Respeitar as antigas lutas que foram travadas para que possamos hoje ter direito a expressar opinião e a decidir como queremos viver.
Ter perspicácia para compreender em tempo atual pelo que ainda é necessário lutar, sem bandeiras vazias, sem slogans alheios, pois a paz também é um conceito difícil pelo qual vale a pena viver.
Compreender cada vez mais nossas mães, aproximarmos cada vez mais da sabedoria das avós e fazer laços genuínos com os filhos. Só assim se perpetua a original roda do saber.
Enxergar em cada mulher não uma rival, mas uma parceira, uma companheira de jornada, uma mãe, uma filha. Aprofundar o respeito e o alcance do poder da cooperação, essência do feminino.
Sair definitivamente da raia de competição, não é uma corrida a vida, é um círculo, ciranda, uma fogueira ao redor da qual não há posição de destaque, todas as posições tem a mesma relevância.
Criar laços de respeito com as pessoas independentemente de seus gêneros. Barrar o ciclo de desprezo pelo feminino alimentado pelo ódio e demonização aos homens. Somos humanos, somos humanas e isso deve bastar.
Impor respeito em ideias e atitudes. Não somos massa, carne apenas, tampouco nosso complexo universo interior se resume a TPM, mimimi, exageros, histeria e manipulações. Há muito mais profundidade em nosso pranto, em nossa irritação e capacidade de suportar calada.
Orgulhar-se das diferentes formas que cada pessoa encontra para ser o que é, sem desejar superar ninguém que não a si mesma, abraçando a própria missão e vocação com amor e dedicação.
Aceitar o ato criador e inovador que há no existir. Ousar ser livre até para fazer as escolhas mais simples e banais e abraçar toda sua grandeza.
Libertar-se de estigmas, de ter que agradar. Precisamos apenas ser e fazer sentido para nós mesmas, os outros não precisam entender. Nem toda mulher deve ser mãe, nem toda mulher precisa fazer escolhas de um jeito pré-determinado.
Dançar a própria vida ao som do ritmo que bate internamente, sem permissão de ninguém, apenas com a nossa natural ousadia.