Segurança
Júri popular condena um dos acusados de matar detento dentro do Presídio Regional de Bagé em 2018
por Rochele Barbosa
Durante toda esta quinta-feira, dia 30, dois acusados de terem assassinado Luan Monteiro Scholante, de 27 anos, dentro do Presídio Regional de Bagé, em 2018, foram julgados no Fórum de Bagé. Um deles, Leandro de Souza Sapirain, foi condenado a 17 anos de reclusão em regime fechado, sem direito de recorrer em liberdade. O outro réu foi absolvido.
Os atos do processo começaram com as oitivas de quatro testemunhas das duas defesas, sendo chamados dois apenados que estavam na mesma cela da vítima. Eles relataram que nesta cela, eles estavam em isolamento de saúde, pois estavam com tuberculose e tinham que ficar em distanciamento dos demais apenados. Disseram que na cela de número 51 estava o réu Sapirain. Uma das testemunhas disse que ouviu o barulho de que estavam abrindo um buraco e então tomou um remédio para dormir e somente acordou ao ver que o apenado Luan estava sendo esfaqueado. A outra testemunha disse que somente viu o colega de cela já morto e não conhecia o apenado que estava na cela ao lado.
Também foram ouvidos dois agentes penitenciários que estavam de plantão no dia do fato. Ambos relataram que os apenados estavam assustados com a morte que ocorreu no local e foram avisados pelos detentos que ficam em um alojamento coletivo.
Os servidores ainda destacaram que não entendiam porque haviam trazido o apenado Sapirain para o Presídio Regional de Bagé (PRB), pois ele era considerado "perigoso" e já teria outros casos, já que vinha de uma penitenciária de alta segurança (Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas – PASC). O réu, inclusive, estava em uma cela sozinho, de isolamento disciplinar.
Interrogatórios
O primeiro a falar foi o réu Leandro Sapirain, que negou ter cometido o crime e que todos que haviam testemunhado estavam mentindo. Segundo ele, somente teria confessado e assinado um “papel” após ter sido agredido. “Não matei ninguém, os agentes e os policiais civis me bateram. Eu fiquei dois anos em cela isolada, conhecia o Luan, porque éramos colega de cela, não conhecia os outros apenados que testemunharam”, comentou.
Ela ainda disse que comprou um colchão do apenado Luan, que segundo Sapirain, era viciado em drogas e vendia as coisas para comprar os entorpecentes. “Eu comprei o colchão por R$ 10. Ele não tinha me entregue, pedi o colchão e o plantão me levou na cela”, completou.
Segundo o interrogatório dele, o buraco aberto pelos apenados era estreito e que ele tinha estoques (facas artesanais) para se defender. “Eu sei arrumar, lixar, mas sempre fiz isso para me defender, não matei ninguém”, acrescentou.
O promotor, por sua vez, ainda apresentou a vasta ficha de antecedentes criminais, onde consta uma tentativa de homicídio e diversas brigas em casas prisionais, o que foi negado pelo réu. “Eu tenho câncer há 10 anos, não tenho tratamento médico. Bateram em mim e fizeram eu assinar o papel, não matei ninguém e não falei que (...) mandou matar, todos mentiram aqui, combinaram de mentir”, concluiu.
A juíza questionou quais as penitenciárias o réu já havia estado e ele informou que passou por Ijuí, São Luis, São Borja, Charqueadas (PASC), Venâncio Aires, Arroio dos Ratos, Santa Maria, Caxias do Sul , Bagé e, atualmente, está na Penitenciária de Charqueadas (PEC).
Já o outro réu falou em seu depoimento que o erro dele foi chamar o plantão, pois avistou por uma janela que o réu Sapirain havia matado Luan. “Não mandei matar o Luan, eu acho que ele me viu e que gritei pro plantão e resolveu me acusar disso”, explicou. Ainda destacou que sempre ficou em alojamento coletivo, já que é mais calmo, com apenados mais idosos e um ambiente calmo, e que Sapirain sempre foi “problemático” e nunca quis ficar com outros presos. Atualmente, ele está na penitenciária de Rio Grande.