Social
Minha amiga das tantas causas
por Elvira Nascimento | texto escrito há sete anos
por Viviane Becker
À Norma Vasconcellos
Debruçada no planeta ela escuta seu sopro
e cada arco-íris pelas calçadas
sei que por dentro de seu peito
há pássaros presos e
um olho condenado à abrangência
pelas manhãs, suas mãos mergulham nos potes da beleza
partem sonhos, exorcizam abismos e brincam de horizontes
à tarde e à noite bordam ternuras junto aos seus amores
índia latina, xale de resistência aos ombros, avança pelos vales,
cerros e aguadas da criação poética com destreza
no bolso, prêmios e louvores
de quem narra contradições, impasses, faros de luz
e os delírios da vida
tenho rido e chorado com essa amiga
por anos a fio
nos despedimos de nós mesmas nos pedaços
que se foram
e celebramos achados
lutamos sempre por um certo Brasil que ainda não vimos
o olhar da justiça sobre todos
e, juntas, vimos pondo o rio e
a cidade e o planeta ao colo
ainda nos cobrindo de ardidas premências
minha competente amiga para amarelos,
sabiás e cães
correnteza quando fala
riacho quando canta
sol e vento quando pinta e fala
e completamente oceano quando ama
Menina da Nossa Senhora, compenetrada
a conchavar bênçãos, velas e caminhos para os seus
atentem, quando ela alcança o café,
a roda e o mundo
vem, com ela, a paixão de uma velha mulher
chamada América ela é sua filha e sua mãe, todos os dias
Elvira Nascimento
* Texto escrito há sete anos