Esportes
TJD: Bagé perde 12 pontos e está rebaixado à Terceirona de 2022
por Yuri Cougo Dias
Por unanimidade dos auditores, a 4ª Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) condenou o Bagé com a perda de 12 pontos, por escalação irregular de atletas em três jogos, em sessão extraordinária virtual na tarde desta terça-feira (19). Com isso, o jalde-negro ficou com -1 ponto e está rebaixado para a Terceirona de 2022, livrando, ao São Gabriel, o descenso, que encerrou a primeira fase com cinco pontos.
O argumento do tribunal
O jalde-negro foi condenado com base no artigo 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), em denúncia movida pelo São Gabriel e oferecida pela Procuradoria do TJD. Acontece que o regulamento permite a utilização de até oito jogadores que tenham disputado a Série A de algum estadual. E o TJD apontou que o Bagé utilizou acima do permitido em três jogos: Lajeadense 1x0 Bagé (15 de agosto, 1ª rodada); Bagé 0x1 São Paulo-RG (19 de agosto, 2ª rodada) e Guarani-VA 1x2 Bagé (26 de agosto, 4ª rodada).
Conforme o art.214 do CBJD, a punição é de três pontos por cada jogo, mais os pontos que foram obtidos. No caso do Bagé, os 12 pontos perdidos foram distribuídos da seguinte forma: nove pelos três jogos e os três da vitória sobre o Guarani-VA.
Durante o julgamento, o relator Vinícius Ilha da Silva apresentou as irregularidades nos três jogos citados. Contra o Lajeadense e Guarani-VA, foram nove jogadores. Com o São Paulo, especificamente, 10 atletas. Por sua vez, a defesa do Bagé foi que, desses jogadores, dois deles (o goleiro Victor Brasil e o meia Talles Cunha) tinham jogado a fase preliminar da Série A1 do Carioca, e não a fase principal. Portanto, não configuraria como irregularidade.
Porém, o Procurador Renan Eduardo Cardoso comentou que, por mais que fosse a fase preliminar, o número de cartões das equipes classificadas pela fase preliminar soma para fase principal, em caso de suspensão automática. Ou seja, o campeonato é o mesmo. Ele citou, ainda, como exemplo, a Libertadores, com a fase de Pré-Libertadores e a fase de grupos. Ainda por cima, Cardoso afirmou que, curiosamente, na mesma semana em que a denúncia do São Gabriel foi realizada, o presidente do Bagé, Fernando Figueira, renunciou ao cargo.
Já se antecipando a qualquer eventual discurso de que o TJD possa ter prejudicado o Bagé com a decisão, o procurador ressaltou que o próprio São Gabriel, autor da denúncia, tinha sido punido, anteriormente, pela mesma Comissão Disciplinar, com a perda de seis pontos. E que mesmo se não tivesse tido tais penalizações aos dois clubes, o São Gabriel teria ficado na frente do Bagé na tabela.
Na hora da votação, o entendimento foi unânime. Os cinco membros da Comissão Disciplinar entenderam que a fase preliminar integra a Série A1 do Carioca. Portanto, o Bagé foi penalizado com a perda dos 12 pontos e, como consequência, o rebaixamento para a Terceirona de 2022. Ao Bagé, agora, cabe recurso pela decisão tomada pelo TJD.
O desempenho na competição
O Bagé teve 14 jogos na Divisão de Acesso de 2021. Com aproveitamento de 26%, foram cinco empates, sete derrotas e apenas duas vitórias: 2 a 1 no Guarani-VA (26 de agosto, 4ª rodada) e 1 a 0 no São Gabriel (29 de agosto, 5ª rodada). A equipe também teve o pior ataque da competição, junto do Tupi (nove gols) e sofreu 17 gols.
O jogador com mais gols foi o zagueiro Tairone (três), seguido pelos atacantes Pablo (dois) e Robert Fischer, Vitor Baiano e o lateral Bruno Moura (um cada). Também houve um gol contra do zagueiro Felipe Chaves, do Guarani-VA.
Troca de técnico e renúncia da presidência
Dois acontecimentos podem ser considerados na hora de avaliar o abalo no ambiente do estádio Pedra Moura. O primeiro foi a saída do técnico Claiton Santos, após três derrotas consecutivas no começo da competição. Depois, chegou Fabiano Daitx, que venceu seus dois primeiros jogos, mas não conseguiu manter a sequência.
E no final de setembro, após a 10ª rodada, Fernando Figueira renunciou à presidência do Bagé. Em nota oficial, o dirigente alegou problemas de saúde, contudo, é de conhecimento de todos que também contribuíram para a decisão outros fatores internos, como as pendências financeiras (despesas, trabalhistas e atrasos de salário) e as divergências entre diretores. A prova disso é que o clube teve dificuldades, em 2021, para definição de um presidente.
Com a saída de Fernando, um colegiado com o ex-presidente Rafael Alcalde a frente, assumiu o Bagé, de forma provisória, até o final do ano. E será esse grupo o responsável por definir, agora, o futuro do Grêmio Esportivo Bagé.