Cidade
Bancas de revistas: locais que guardam recordações e marcam gerações
por Redação JM
por Sabrina Monteiro e Mariana Muza
Acadêmicas de Jornalismo da Urcamp
As famosas bancas de revistas acompanham gerações. Nelas, se encontram públicos jovens, idosos, pais e filhos, à procura de um pacote de figurinha durante a Copa, ou um jornal com informações atualizadas. As bancas, que vendem de tudo, sobreviveram à época da ditadura no Brasil, quando a imprensa deixava de ser livre. São conhecidas em vários locais do mundo, assim como na Rainha da Fronteira, onde há várias ainda em funcionamento. Umas somam mais de 40 anos de história na cidade. E, mesmo com era da tecnologia, elas seguem firmes, mas com dificuldades e sempre se reinventando.
Um exemplo disso é banca de Gerson Sousa, de 61 anos. O bajeense, com sotaque carioca, abriu o negócio em 2003. Com um óculos estilo anos 80, ele enfatiza: “Eu trabalho com revistas antigas”. O carro chefe da banca, chamada Santo Expedito, situada na Praça das Bandeiras, são revistas, livros, sebo e jornais. Sousa conta que, durante a pandemia, chegou a fechar o local durante uns dias. “Hoje, tudo o que você procura tem na internet”, relata. Assim, o público de seu negócio, relata, são pessoas com idade mais avançada.
Mix de produtos
Na Praça de Esportes, encontra-se a Banca Pravoceler, de Romoaldo Corrêia da Silva. O dono do estabelecimento, que completa 30 anos em 2023, diz que começou com a banca pois queria administrar o próprio negócio. Ele salienta que, em 2011, renovou a estrutura do local. Quem nasceu antes desta época deve lembrar da pintura inicial, amarela, e que agora é cinza. “Tudo é temporário. Com o tempo vimos que Bagé foi se desenvolvendo, as coisas foram melhorando e a gente vê que a cidade também era merecedora e eu também de uma banca nova”, comenta.
Para se manter no mercado, ele criou um “mix de produtos” como figurinhas, balas e mangás, além das revistas, jornais, livros e apostilas. “Hoje está muito além da competitividade, temos essa briga com a internet porque vendemos o impresso e a internet veicula rapidamente a notícia em um tempo instantâneo”, ressalta.
Com um público diversificado, os outros produtos vendidos são o que atraem o pessoal mais jovem, embora, segundo Silva, ele tenha acompanhado o crescimento de muitos que antes iam ao local com os pais e hoje levam seus filhos.
Bolinha
Quando a reportagem do JM foi conversar com os donos das bancas, embora as peculiaridades, todos tinham uma coisa em comum: o amor pela leitura. Na banca do Bolinha se vê isso. Principalmente pela dona do estabelecimento, Matilde Gonçalves Farias, de 70 anos. Ela conta que os quatro filhos aprenderam a ler com os gibis que vendiam. “Antigamente, os bancos eram de cimento, e eu enchia uma sacolinha pra eles, de gibis que gostavam muito, e mandava eles sentarem no banco enquanto eu atendia”, enfatiza. Além disso, conseguiu pagar a faculdade deles com o dinheiro que arrecadava na banca. “Hoje são todos formados”, conta.
Ela e o marido, Laerte Antônio Farias, de 72 anos, fundaram a Banca do Bolinha em 12 de fevereiro de 1979. Localizada na Praça do Coreto, hoje eles vendem jornais e revistas, mas antes até semijoias podiam ser encontradas por ali. Matilde conclui: “Eu adoro ficar aqui na banca. Todo o mundo é conhecido, e a gente sempre se deu bem com todos”.