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Volante do Bagé, Ben Hur detalha drama vivido em Eldorado do Sul
por Yuri Cougo Dias
O município de Eldorado do Sul foi um dos mais afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Conforme o governo do Estado, 98% da cidade foi inundada pelas águas que vieram do Rio Jacuí e desceram para o Lago Guaíba. O desastre fez com que todos os habitantes, que compreendem cerca de 42 mil pessoas, precisassem evacuar, enquanto a região era tomada pela água.
Em meio a todo esse desastre está a família de Ben Hur Jardim dos Santos, 29 anos, volante do Bagé. O jogador relata que a família precisou buscar abrigo na casa da sogra, no município de Guaíba, que fica a 15 minutos de Eldorado do Sul. Desde a última sexta-feira, ele está junto da família para auxiliar neste momento em que todos clamam pelo básico e por uma condição de dignidade humana. Por telefone, atendeu ao Jornal Minuano e compartilhou um pouco do sentimento com tudo que tem vivenciado.
“Estamos tristes e arrasados. Porém, temos vida”, desabafa
Neste momento, o mais importante para Ben Hur é a segurança das pessoas próximas. “Estamos todos tristes e arrasados com o que ocorreu. Porém, temos vida. Estou junto dos meus familiares, na casa da minha sogra, em Guaíba. Meus filhos estão aqui também. Minhas irmãs estão em Porto Alegre, mas seguras. Hoje, o que alegra o coração é saber que seus familiares estão seguros”, relata.
Com a ordem de evacuação, Ben Hur ressalta que mais de 90% da população de Eldorado do Sul teve perda total em suas casas. E o pior nisso tudo é a incerteza de quando o drama vai deixar de estar presente na rotina diária. “As águas não baixam. Quando a chuva dá uma trégua vem um vento e dificulta para a água escorrer no local adequado. Estou desde sexta-feira aqui e não consegui fazer nada. É difícil isso e a gente fica se perguntando: o que que vai ser pós-enchentes? A gente tem fé, somos guerreiros, mas é uma coisa nunca vista”, ressalta.
A preocupação do jogador diz respeito ao trauma que a população gaúcha vai ficar, com o medo da tragédia se repetir. E, em meio ao caos vivido, afirma ter dificuldade para um pensamento lógico da vida daqui a para frente. “Não sabemos se será recorrente, se qualquer chuva ou enchente será nessa proporção. Estou tentando ser lógico nas palavras para tentar passar para vocês uma informação, mas a cena é horrível. Tudo que uma enchente pode trazer de ruim essa gerou. Falo da minha cidade, mas é todo o estado que foi atingido. É disso para pior. Prefiro poupar alguns detalhes do que temos visto”, desabafa.
Com relação ao futebol, Ben Hur agradece ao apoio da diretoria do Grêmio Esportivo Bagé, que tem se dedicado a prestar auxílio ao atleta e seus familiares. No entanto, com o drama vivenciado, se depara numa situação delicada para pensar em futebol. “Vamos esperar para que as coisas melhorem. Independente do momento, temos que crer nas mãos de Deus. E vamos à luta, mas está difícil, não tem como eu minimizar. Agradeço todo o apoio que o Bagé está dando por mim. Até essa oportunidade de eu estar falando sobre o que está acontecendo é uma forma de ajudar. Eu só quero que acabe tudo isso e recomece a vida logo”, finaliza.