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Sem lar: a rotina de um morador de rua

Esta reportagem foi apurada com o objetivo de obter um relato de um morador de rua e acompanhar sua rotina. Por isso, o nome real do entrevistado não será mencionado. Sem objetivo de expor sua imagem, a principal fonte da matéria será chamada pelo nome de “Osvaldo”

Em 11/09/2021 às 13:10h

por Redação JM

Sem lar: a rotina de um morador de rua | Urcamp | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Osvaldo em sua rotina como catador de lixo reciclável, junto a seu cachorro Tufão | Foto: Maria Eduarda Lemos

Por Maria Eduarda Lemos

Acadêmica de Jornalismo da Urcamp

 

Acompanhado de Tufão, seu cachorro e companheiro, Osvaldo carrega seu carrinho enquanto cumprimenta a todos no seu trajeto. Comerciantes, motoristas, todos conhecem a dupla. Ele é um catador de lixo reciclável, de 38 anos, abrigado há mais de três anos no Albergue Municipal de Bagé. Ao sair às ruas para coletar o lixo reciclável, busca pelo sonho de ter a casa própria e receber visitas de seu filho único.

“Meu sonho mesmo, quando vou à igreja, peço, uma casinha com chave, um servicinho. Podia morrer descansado”, relata.  Após cumprir a sentença de dez anos, Osvaldo tenta reconstruir aos poucos sua vida. Por ser ex-presidiário, diz que as empresas têm relutância em contratá-lo após checar seus antecedentes criminais.

Sua jornada como catador varia de horário. Do instante em que deixa o albergue, às 8h, ele permanece nas ruas até as 15h ou até as 18h, dependendo da quantidade de conteúdo do contêiner disponível para coleta.  Além disso, a rota é definida de acordo com os dias de coleta do caminhão de lixo.  

 

Os desafios do dia a dia

Com um dos pulsos enfaixado, Osvaldo salta a altura de 1,37 metro para entrar no contêiner e realizar a coleta. Quando encontra materiais que considera de valor no lixo, conta que presenteia seu filho ou divide com amigos. Às vezes, as surpresas não são tão agradáveis: os desafios de recolher material reciclável de contêineres incluem lidar, muitas vezes, com o descarte de lixo hospitalar inadequado. Nos contêineres próximos a bares e restaurantes, onde normalmente tem bastante material para coleta, existe ainda o risco de ferimentos por cacos de vidro.

Durante o trajeto, ele recebe água da torneira fornecida por um comerciante em uma garrafa que pegou na rua. Os dias de calor são mais cansativos e difíceis do que os de inverno. No verão, a jornada de trabalho se intensifica. Osvaldo começa a catar de madrugada e, conforme o dia vai passando, o interior dos contêineres se torna insuportável por causa do calor.

Osvaldo fala sobre o sofrimento de passar feriados tradicionais, como Natal e Ano Novo, sem a sua família. “Eu saio para a rua e fico sozinho. Se eu tiver que chorar, eu choro sozinho. Me escondo. Arrumo um canto e me escondo. Pra mim, é muito sofrido esses dias, sabe? Pra mim é muito difícil ver as famílias, ver todo mundo se abraçando, os familiares se juntando”.

No Restaurante Popular, onde frequenta durante a semana, Osvaldo reza brevemente e agradece a Deus pelo alimento em seu prato antes de iniciar a refeição. Ele conta que frequenta a igreja todos os domingos e que isso o ajudou a passar por momentos difíceis.

Após finalizar sua jornada de trabalho, Osvaldo ainda faz a separação do lixo entre plástico, papelão e alumínio. Após a seleção, deposita os materiais em sacos, para a pesagem e venda. Com o dinheiro que recebe pela venda dos materiais recicláveis, compra materiais para construir um chalé em que possa morar e receber visitas do filho.

O albergue

O assistente social do Albergue Municipal, Jonas Rutz, é o responsável por realizar o cadastramento dos albergados e analisar a situação social de cada um. Ele define o albergue como o primeiro passo para a reinserção dos moradores de rua na sociedade. “O albergue municipal tem como finalidade acolher pessoas em situação de vulnerabilidade social ou situação de rua ou que estejam passando por situações específicas”, explica ele.

A coordenadora do Albergue, Letícia Guasque, conta que a renovação do cadastro é feita semanalmente. O local é um espaço de acolhimento temporário, portanto, existem alguns incentivos para que o albergado tenha melhores condições de vida: “Nossa ideia é que, enquanto (os albergados) tão ali, já devem procurar algum emprego, alguma situação de melhoria, para eles poderem estar alugando alguma coisa, retornando à vida”. A coordenadora fala ainda sobre cursos oferecidos pela Smasi (Secretaria de Assistência Social, Habitação e Direitos do Idoso) que mantém o Albergue Municipal: “Tudo o que é ligado à Secretaria, que a gente tem de curso, que eles tenham interesse, a gente consegue inserir”.

Nos dias de frio intenso, a equipe do Albergue realiza as chamadas “buscas ativas”, feitas pelos profissionais para acolher os moradores de rua e, também, disponibilizar alimento para aqueles que escolhem permanecer nas ruas. Estes últimos geralmente não são acolhidos pelo albergue por estarem alcoolizados, alterados pela utilização de drogas ilícitas. Letícia conta que um dos motivos da recusa do acolhimento por parte dos moradores de rua é também por causa dos cachorros, que ficariam na rua. “A gente já tá com espaço pet no albergue, porque alguns não iam por causa dos cachorros. (...) Tem só que terminar de fazer um acabamento, que é pra poder levar um animal junto caso necessite”, explica a coordenadora.

Dentro do albergue, os protocolos de segurança contra o coronavírus são seguidos à risca. Logo na entrada, é disponibilizado álcool gel e o uso de máscara no interior do prédio é obrigatório. “Como aqui é um espaço físico fechado, um quarto único, então a pessoa aqui dentro das dependências, ela deve se manter com máscaras, que fornecemos. E como condicionalidade hoje em dia, o albergue faz a pergunta se a pessoa já tomou a vacina. Se ela não tomou, é encaminhada para fazer e, para frequentar o albergue, ela vai ter que mostrar a carteirinha que tomou a primeira dose”, detalha Jonas.

O horário de cadastramento no albergue é das 8h às 14h. Das 18h às 22h é permitida a entrada dos albergados, que recebem café da tarde, janta e café da manhã antes de sair na manhã seguinte. Os albergados recebem ainda um ticket para almoçar gratuitamente no Restaurante Popular.

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