Região
Associação de Vinhos da Campanha celebra qualidade de produção de uvas na safra deste ano
por Melissa Louçan
Apesar da previsão inicial de uma super safra em termos de quantidade não ter se concretizado, a produção de uvas viníferas deste ano não deve deixar nada a desejar, segundo a Associação de Vinhos da Campanha Gaúcha, em relação à qualidade.
Valter José Pötter, presidente da entidade, relata que a previsão inicial era de uma super safra em termos de produtividade para este ano, em função da carga de frutificação e da primavera com temperaturas e clima ideal. Entretanto, diz ele, a produção total não chegou a apresentar grandes cargas excedentes, chegando a 8 milhões de quilos, considerando a produção de todos os associados.
“Tínhamos a previsão de uma super safra em termos de produtividade, mas se reduziu em uma safra um pouco melhor do que o normal em quantidade. Mas em termos de qualidade, está excepcional”, destaca.
Pötter destaca que com a insolação forte, há uma maior concentração de açúcares, fenóis, o que impacta diretamente na qualidade da produção. “A qualidade está muito acima da média. O que se perdeu foi o plus que iríamos colher neste ano, a super safra. Mas estamos contentes com a produção que obtivemos”, garante.
Perdas ocasionadas por deriva de herbicida é principal preocupação
O empresário atribui perda de parte da produção à deriva de 2,4-D, defensivo agrícola considerado pelos produtores como a principal causa de prejuízos nas plantações. Pötter chega a apontar que cerca de 1 milhão de quilos de uva são perdidos anualmente, há cerca de sete anos, em função da questão.
A situação tem sido denunciada para a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) por vários anos consecutivos. Além disso, os produtores de vinho buscam, na justiça, a suspensão da aplicação do 2,4-D. No momento, esta ação civil pública tramita na 10ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre.
Região da Campanha já domina 31% do mercado de vinhos nacional
Em um bom momento para o mercado regional, Pötter destaca que a região da Campanha já corresponde de 31% da produção de vinhos finos do Brasil. O cenário começou a mudar, de forma positiva, a partir do início da década passada, com maiores investimentos em vinhedos locais.
Atualmente, a qualidade dos vinhos da Campanha é reconhecida em todo o território nacional, conforme destaca o presidente da Associação. “Nossos vinhos são muito elogiados em termos de qualidade, reconhecido como vinhos tintos de alta gama, pela sua estrutura, aroma, terroir, além de serem sempre muito bem pontuados em concursos”, ressalta.
Assim como quase todos os segmentos da economia, o mercado de vinhos também sofreu impactos durante a pandemia, embora não exatamente de forma negativa. Se por um lado o mercado sentiu a diminuição do enoturismo - importante ferramenta de pequenas e médias vinícolas em termos de vendas - por outro um maior número de pessoas em casa em função dos protocolos de distanciamento social fez o consumo da bebida disparar. Pötter projeta que algumas vinícolas chegaram a registrar até 40% de aumento de vendas para consumo doméstico, principalmente através de comércio virtual. Ele também credita esse aumento substancial da bebida da região à uma conquista obtida pela Associação em 2020: a Indicação de Procedência (IP) - selo de certificação geográfica, que atesta a singularidade dos produtos feitos em uma determinada região,
“Isso nos trouxe mais visibilidade, mais fama e, consequentemente, mais interesse e mais vendas. A projeção para este ano é manter o mesmo patamar de vendas de 2021, que foram excelentes”, diz.